Por hebraísmos entendemos certas expressões e maneiras
peculiares do idioma hebreu que ocorrem em nossas traduções da Bíblia, que
originalmente foi escrita em hebraico e em grego. Alguns conhecimentos destes
hebraísmos são necessários para poder fazer uso devido de nossa primeira regra
de interpretação.
Exegese é a aplicação dos princípios da hermenêutica para chegar-se a um entendimento correto do texto. O prefixo ex (“fora de” “para fora”, ou “de”) refere-se á idéia de que o intérprete está tentando derivar seu entendimento do texto, em vez de ler seu significado no (“para dentro”) texto (eisegese).
A mesma coisa pode acontecer ao traduzir-se de outras línguas se o leitor ignorar que frases como “o Senhor endureceu o coração de Faraó” podem conter expressões idiomáticas que dão sentido primitivo desta frase, algo diferente daquele comunicado pela tradução literal.
Exegese é a aplicação dos princípios da hermenêutica para chegar-se a um entendimento correto do texto. O prefixo ex (“fora de” “para fora”, ou “de”) refere-se á idéia de que o intérprete está tentando derivar seu entendimento do texto, em vez de ler seu significado no (“para dentro”) texto (eisegese).
A mesma coisa pode acontecer ao traduzir-se de outras línguas se o leitor ignorar que frases como “o Senhor endureceu o coração de Faraó” podem conter expressões idiomáticas que dão sentido primitivo desta frase, algo diferente daquele comunicado pela tradução literal.
Paradoxo é uma afirmação
aparentemente absurda ou contrária ao bom senso. Um paradoxo não é uma
contradição; é simplesmente algo que parece ser o oposto do que em geral se
sabe. Parece um paradoxo o fato de Jesus dizer: “... quem perder a vida por
causa de mim e do evangelho, salvá-la-á...” (Mc. 8:35). Geralmente, quando
alguém perde alguma coisa, não a salva ao mesmo tempo. É claro que Jesus falou
desse modo para enfatizar que, quando alguém faz sacrifícios por ele, de fato
experimenta uma vida mais completa e agradável.
A ironia é uma forma de
ridicularizar indiretamente sob a forma de elogio. Com freqüência vem marcada
pelo tom de voz de quem fala, para que os ouvintes a percebam. Por isso, ás
vezes é difícil saber se uma declaração escrita deve ser considerada ironia.
Mas normalmente o contexto ajuda a mostrar se é ou não uma ironia. Mical, a
filha de Saul, disse a Davi: “... Que bela figura fez o rei de Israel...” (2
Sm. 6:20). O versículo 22 indica que o sentido pretendido era o oposto, ou
seja, que ele havia-se humilhado ao agir de maneira indigna, no entender de
Mical. Ás vezes a ironia vem acompanhada de humor, como no caso em que Elias
zombou dos profetas de Baal: “... Clamai em altas vozes, porque ele é deus!” (1
Rs. 18:27). È claro que Elias não acreditava que o falso deus Baal realmente
existisse. Ele fez um elogio a Baal em tom de ironia para incitar os profetas a
orarem ainda mais alto. Isso reforçou o fato de que aquele deus falso, ao
contrário de Javé, o Deus verdadeiro, nem sempre ouvia seus adoradores.
Consiste numa frase suavizada ou
negativa para expressar uma afirmação. É o oposto da hipérbole. Quando dizemos
“Ele não é um mau pregador”, queremos dizer que ele é um pregador muito bom. A
atenuação confere ênfase. Quando Paulo disse “... Eu sou judeu, natural de
Tarso, cidade não insignificante...” (At. 21:39), quis dizer que Tarso era na
realidade uma cidade importante. Ás vezes uma litotes é uma frase de
depreciação, como vemos em Números 13:33: “Éramos aos nossos próprios olhos
gafanhotos, e assim também o éramos aos seus olhos”, Lucas empregou esse
recurso várias vezes. Ele comentou que “houve não pouco alvoroço entre os
soldados” (At. 12:18), “não pouco lucro” (19:24) “não pequena tempestade”
(27:20), e que Paulo e Barnabé permaneceram em Antioquia “não pouco tempo”
(14:28). Paulo depreciou a si mesmo com uma litotes, em 1 Co. 15:9: “Porque eu
sou o menor dos apóstolos”. Essa declaração de autêntica humildade foi feita
para salientar a graça de Deus em sua vida, como pecador que não a merecia
(veja o v.10).
É uma afirmação exagerada em que se
diz mais do que o significado literal com o objetivo de ênfase. Quando 10 dos
espias israelitas apresentaram o relatório da incursão á Canaã, disseram: “...
as cidades são grandes e fortificadas até aos céus...” (Dt. 1:28). È claro que
eles não estavam afirmando que as muralhas das cidades de Canaã realmente
chegavam aos céus; estavam apenas dizendo que eram descomunalmente altas.
O salmista valeu-se da hipérbole para acrescentar ênfase quando escreveu: “... todas as noites faço nadar o meu leito, de minhas lágrimas o alago...” (Sl. 6:6).
O salmista valeu-se da hipérbole para acrescentar ênfase quando escreveu: “... todas as noites faço nadar o meu leito, de minhas lágrimas o alago...” (Sl. 6:6).
Uma pergunta retórica é aquela que
não exige resposta; seu objetivo é forçar o leitor a respondê-la mentalmente e
avaliar suas implicações. Quintiliano (35-100 d.C.), retórico romano, afirmou
que as perguntas retóricas aumentam a força e a irrefutabilidade da prova.
Quando Deus perguntou para Abraão: “Acaso para Deus há cousa demasiadamente
difícil?”... (Gn. 18:14), ele não esperava ouvir uma resposta. A intenção era
que o patriarca a respondesse mentalmente. O mesmo aconteceu quando o Senhor
perguntou a Jeremias: “... acaso haveria cousa demasiadamente maravilhosa para
mim?” (Jr. 32:27). Paulo fez uma pergunta retórica em Romanos 8:31: “... Se
Deus é por nós, quem será contra nós?”. Essas perguntas retóricas são formas de
transmitir informações. As primeiras duas perguntas indicam que nada é
impossível para Deus, e a indagação de Paulo em Romanos 8:31 diz que ninguém
pode vencer o cristão, pois Deus o defende.
Consiste na substituição de uma
expressão desagradável ou injuriosa por outra inócua ou suave. Falamos da morte
mediante eufemismo: “ele passou para o outro lado”, “bateu as botas” ou “foi
para uma melhor”. A Bíblia fala da morte dos cristãos como um adormecimento
(At. 7:60; 1 Ts. 4:13-15).
Se o antropomorfismo atribui
características humanas a Deus, o zoomorfismo atribui características animais a
Deus (ou a outros). São maneiras expressivas e originais de salientar certos
atos e qualidades do Senhor. O salmista disse: “[Deus] Cobrir-te-á com as suas
penas, sob suas asas estarás seguro”. (Sl. 91:4). A imagem que vem á mente dos
leitores é de pintinhos ou passarinhos protegidos debaixo das asas da galinha
ou do pássaro-mãe. Jó descreveu o que considerou ser a ira de Deus contra ele
quando disse: “[Deus] contra mim rangeu os dentes” (Jó 16:9).
Esta figura de linguagem atribui
emoções humanas a Deus, como vemos em Zacarias 8.2: “Tenho grandes zelos de
Sião”. Também em Gn. 6:6: “Então arrependeu-se o Senhor”.
Consiste na atribuição de qualidades
ou ações humanas a Deus, como ocorre nas referências aos dedos de Deus (Sl.
8:3), a seus ouvidos (3:2) e a seus olhos (2 Cr. 16:9).
O que ocorre aqui é a atribuição de características
ou ações humanas a objetos inanimados, a conceitos ou a animais. A alegria é
uma emoção atribuída ao deserto, em Isaías 35:1: “O deserto e a terra se
alegrarão”. Isaías 55:12 fala de montes e outeiros entoando cânticos e de
árvores batendo palmas. A morte personifica-se em Romanos 6.9 e em 1 Co. 15:55.
A metonímia consiste em substituir
uma palavra por outra. Quando dizemos que o Congresso tomou uma decisão,
estamos referindo-nos a deputados e senadores. Substituímos os deputados e os
senadores pela estrutura política que dirigem. Na afirmação: “A pena é mais
forte do que a espada”, queremos dizer que o que se escreve (a pena) surte mais
efeito do que o poderio militar (a espada). Na Bíblia, existem pelo menos três
tipos de metonímia.
Esta figura de linguagem, não tão
conhecida, também faz uma comparação em que a semelhança é indicada
diretamente. Quando Davi disse: “Cães me cercam...” (Sl. 22:16), estava
referindo-se a seus inimigos, chamando-os de cães. Os falsos mestres também são
chamados cães, em Filipenses 3:2, e lobos vorazes, em Atos 20:29. As diferenças
entre um símile, uma metáfora e uma hipocatástase podem ser identificadas nas
seguintes frases:
Símile: “Vocês, ímpios, são como cães”.
Metáfora: “Vocês, ímpios, são como cães”.
Hipocatástase: “Seus cães”.
Em João 1:29, João Batista fez uso de uma hipocatástase: “... Eis o Cordeiro de Deus...”. Se ele tivesse dito: “Jesus é como um cordeiro” estaria usando um símile. Mas se tivesse dito: “Jesus é um cordeiro”, estaria usando uma metáfora. Quando Cristo disse a Pedro: “... Apascenta as minhas ovelhas...” (Jo. 21:17), ele chamou seus seguidores de ovelhas, usando uma hipocatástase.
O contexto precisa ser avaliado para saber o que a hipocatástase representa. Por exemplo, Jeremias disse: “um leão subiu da sua ramada” (Jr. 4:7).
Símile: “Vocês, ímpios, são como cães”.
Metáfora: “Vocês, ímpios, são como cães”.
Hipocatástase: “Seus cães”.
Em João 1:29, João Batista fez uso de uma hipocatástase: “... Eis o Cordeiro de Deus...”. Se ele tivesse dito: “Jesus é como um cordeiro” estaria usando um símile. Mas se tivesse dito: “Jesus é um cordeiro”, estaria usando uma metáfora. Quando Cristo disse a Pedro: “... Apascenta as minhas ovelhas...” (Jo. 21:17), ele chamou seus seguidores de ovelhas, usando uma hipocatástase.
O contexto precisa ser avaliado para saber o que a hipocatástase representa. Por exemplo, Jeremias disse: “um leão subiu da sua ramada” (Jr. 4:7).
È uma comparação em que um elemento,
imita ou representa outro (sendo que os dois são essencialmente diferentes).
Numa metáfora, a comparação está implícita, ao passo que num símile é visível.
Uma pista para identificar uma metáfora é que os verbos “ser” e “estar” sempre
são empregados. Temos um exemplo disso em Isaías 40:6: “Toda a carne é como a
erva”. (Um símile sempre traz a conjunção como ou outras). O Senhor disse para
Jeremias: “O meu povo tem sido ovelhas perdidas” (Jr. 50:6). O Senhor comparou
seus seguidores ao sal: “Vós sois o sal da terra” (Mt. 5:13). Eles não eram sal
de verdade; estavam sendo comparados ao sal. Quando Jesus afirmou: “Eu sou a
porta” (Jo. 10:7-9). “Eu sou o bom pastor” (v.11-14) e “Eu sou o pão da vida”
(6:48), ele estava fazendo comparações. Em certos aspectos, ele é como uma
porta, como um pastor e como um pão. O leitor é levado a pensar de que forma
Jesus assemelha-se a tais elementos.
“Existe na metáfora alguma característica comum a ambas as partes, a qual, normalmente, não é reconhecida como comum”.
“Existe na metáfora alguma característica comum a ambas as partes, a qual, normalmente, não é reconhecida como comum”.
É uma comparação em que uma coisa
lembra outra explicitamente (usando como, assim como, tal qual, tal como).
Pedro usou um símile quando escreveu: “... toda carne é como a erva...” (1 Pe.
1:24). As palavras do Senhor em Lucas 10:3 são um símile: “... Eis que eu vos
envio como cordeiros para o meio dos lobos...”. Também existem símiles no salmo
1: “Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas” (v. 3) e "são
[...] como a palha” (v.4). A dificuldade dos símiles é descobrir as semelhanças
entre os dois elementos. Em que aspecto o homem é como a erva? Em que sentido
os discípulos de Jesus eram como cordeiros? De que forma o cristão é como uma
árvore e o ímpio como a palha?
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