A cidade de Jerusalém foi destruída pelos romanos em 70 d.C. O cerco e a queda de Jerusalém são descritos com pormenores gráficos pelo historiador judeu do primeiro século, Flávio Josefo, no livro Guerras dos Judeus, que foi publicado cerca do ano 75 d.C. De acordo com os Evangelhos, Jesus profetizou este evento aproximadamente no ano 30 d.C. Vejamos o relato de Mateus da profecia de Jesus, e comparemo-lo com a história de Josefo.
Jesus: “Quando, pois,virdes o abominável da desolação de que falou o
profeta Daniel, no lugar santo (quem lê entenda), então os que estiverem na
Judéia, fujam para os montes; quem estiver sobre o eirado não desça para tirar
de casa alguma coisa; e quem estiver no campo não volte atrás para buscar a sua
capa” (Mateus 24:15-18).
Josefo: “É
então um caso miserável, uma visão que até poria lágrimas em nossos olhos, como
os homens agüentaram quanto ao seu alimento ... a fome foi demasiado dura para
todas as outras paixões... a tal ponto que os filhos arrancavam os próprios
bocados que seus pais estavam comendo de suas próprias bocas, e o que mais dava
pena, assim também faziam as mães quanto a seus filhinhos... quando viam alguma
casa fechada, isto era para eles sinal de que as pessoas que estavam dentro
tinham conseguido alguma comida, e então eles arrombavam as portas e corriam
para dentro... os velhos, que seguravam bem sua comida eram espancados, e se as
mulheres escondiam o que tinham dentro de suas mãos, seu cabelo era arrancado
por fazerem isso...” (Guerras dos Judeus, livro 5, capítulo 10, seção
3).
Jesus: “Ai das que estiverem grávidas e das que amamentarem naqueles
dias!” (Mateus 24:19).
Josefo:
“Ela então tentou a coisa mais natural, e agarrando seu filho, que era uma
criança de peito, disse, ‘Oh, pobre criança! Para quem eu te preservarei nesta
guerra, nesta fome e nesta rebelião? ...’ Logo que acabou de dizer isto, ela
matou seu filho e, então, assou-o, e comeu metade dele, e guardou a outra
metade escondida para si.” (Guerras, livro 6, capítulo 3, seção 4).
Jesus: “Orai para que a vossa fuga não se dê no inverno, nem no sábado,
porque nesse tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio do mundo
até agora não tem havido, e nem haverá jamais” (Mateus 24:20-21).
Josefo: “Eu
falarei portanto aberta e francamente aqui de uma vez por todas e brevemente:
que nenhuma outra cidade sofreu tais misérias nem nenhuma era produziu uma
geração mais frutífera em perversidade do que era esta, desde o começo do
mundo.” (Guerras, livro 5, capítulo 10, seção 5).
Jesus: “Não tivessem aqueles dias sido abreviados, ninguém seria salvo;
mas por causa dos escolhidos tais dias serão abreviados” (Mateus
24:22).
Josefo:
“Ora, o número daqueles que foram levados cativos durante toda esta guerra foi
verificado ser noventa e sete mil, como foi o número daqueles que pereceram
durante todo o cerco onze centenas de milhares, a maior parte dos quais era na
verdade da mesma nação, porém não pertencentes à própria cidade, pois tinham
vindo de todo o país para a festa dos pães asmos e foram subitamente fechados
por um exército...” (Guerras, livro 6, capítulo 9, seção 3).
Jesus: “Tendo Jesus saído do templo, ia-se retirando, quando se
aproximaram dele os seus discípulos para lhe mostrar as construções do templo.
Ele, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará
aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada” (Mateus 24:1-2).
Josefo:
“Ora, uma vez que César não foi de modo algum capaz de conter a entusiástica
fúria dos soldados, e o fogo avançava mais e mais... assim foi a sagrada casa
queimada, sem a aprovação de César.” (Guerras, livro 6, capítulo 4,
Seção 7). “Ora, tão logo o exército não teve mais pessoas para matar ou saquear
... César deu ordens para que não demolissem mais a cidade inteira e o
templo...” (livro 7, capítulo 1, seção 1).
No artigo
sobre evidências do número anterior desta revista, examinamos algumas
evidências dos manuscritos do Novo Testamento, e vimos que apontam para a
conclusão de que seu conteúdo fosse escrito quando e por quem ele declara ter
sido escrito. De fato, no caso do Evangelho de Mateus, há um fragmento
recentemente descoberto que data de algum tempo antes de 68 d.C. Como foi
observado acima, Jerusalém foi destruída em 70 d.C.
Os Judeus foram massacrados por tropas romanas
Quando os judeus se rebelaram contra a autoridade romana em 70 d.C. – por causa, entre outras coisas, dos altos impostos cobrados –, quatro legiões foram levadas por Tito Vespasiano para sufocar a revolta.
Os 70 mil soldados logo viram que a luta não seria fácil. Especialmente quando se defrontaram com as muralhas de Jerusalém, atrás das quais milhares de combatentes judeus buscaram refúgio. A tentativa de invadir a cidade ou o cerco durou seis meses ou 180 dias .
Constantemente ameaçados por ações de contra-ataque, os legionários fizeram um dos maiores e mais complexos cercos da Antiguidade. Construíram muralhas, torres de assalto, catapultas, escadas e diversos outros equipamentos que faziam das legiões romanas tropas únicas no mundo antigo – além de ótimos guerreiros, eram também excelentes engenheiros.
Quando os judeus se rebelaram contra a autoridade romana em 70 d.C. – por causa, entre outras coisas, dos altos impostos cobrados –, quatro legiões foram levadas por Tito Vespasiano para sufocar a revolta.
Os 70 mil soldados logo viram que a luta não seria fácil. Especialmente quando se defrontaram com as muralhas de Jerusalém, atrás das quais milhares de combatentes judeus buscaram refúgio. A tentativa de invadir a cidade ou o cerco durou seis meses ou 180 dias .
Constantemente ameaçados por ações de contra-ataque, os legionários fizeram um dos maiores e mais complexos cercos da Antiguidade. Construíram muralhas, torres de assalto, catapultas, escadas e diversos outros equipamentos que faziam das legiões romanas tropas únicas no mundo antigo – além de ótimos guerreiros, eram também excelentes engenheiros.
O saque de Jerusalém, à partir da
parede interior do Arco de Tito, Roma.
Ao fim do trágico combate, quando finalmente conseguiram vencer as três muralhas consecutivas que protegiam a cidade, os legionários, irritados com a resistência dos judeus, promoveram um verdadeiro banho de sangue (foram pelo menos 100 mil mortos) e terminaram por incendiar o Templo de Jerusalém, escravizando os sobreviventes.
Briga demorada
Setenta mil legionários participaram do cercoCatapulta semelhante a usada na
Puro
terrorismo
Para “estimular” os sitiados à rendição, era comum os atacantes promoverem atos de puro terror. Os judeus apanhados pelos romanos fora das muralhas eram crucificados na frente de todos. Um mar de cruzes servia como um aviso macabro do que estava por vir.
Regime forçado
Uma das maneiras de forçar a rendição dos judeus era fazê-los passar fome. E, com a muralha, não havia como fugir. Em Jerusalém, ela foi construída pelas legiões com madeira e terra em tempo recorde: quatro dias.
Tiro ao alvo
A balística – arte de acertar os projéteis no local designado – era cumprida com precisão pela legião romana. Para medir as distâncias dos tiros, os soldados usavam um projétil de chumbo com uma linha amarrada. Já os judeus, a cada bala lançada, avisavam seus camaradas para se proteger. A frase-senha era meio bizarra: “Bebê chegando”.
Só na sabotagem
Os judeus usaram diversos e engenhosos contra-ataques, como túneis subterrâneos, por onde saíam à noite para realizar ataques-relâmpagos contra os romanos. Quando os romanos tomaram a segunda muralha, por exemplo, foram atacados por milhares de guerrilheiros que haviam se emboscado nas casas e escombros do local.
Peça de ataque
A torre de assalto, de madeira e couro, era o alvo predileto dos defensores judeus – e uma peça a ser protegida a qualquer custo pelos romanos. O único jeito de deter o monstro era incendiando-o. E foi o que fez um grupo de judeus liderado por João, o Idumeu, numa ousada ação de sabotagem.
Bate-estaca
O exército romano usou bate-estacas para tentar abrir vãos nas muralhas de Jerusalém. Foi assim que a cidade caiu, ao fim do cerco. Vinte homens e um corneteiro tomaram o local por uma brecha na fortaleza Antônia. Os judeus se imaginaram vítimas de um ataque em larga escala e fugiram.
Para “estimular” os sitiados à rendição, era comum os atacantes promoverem atos de puro terror. Os judeus apanhados pelos romanos fora das muralhas eram crucificados na frente de todos. Um mar de cruzes servia como um aviso macabro do que estava por vir.
Regime forçado
Uma das maneiras de forçar a rendição dos judeus era fazê-los passar fome. E, com a muralha, não havia como fugir. Em Jerusalém, ela foi construída pelas legiões com madeira e terra em tempo recorde: quatro dias.
Tiro ao alvo
A balística – arte de acertar os projéteis no local designado – era cumprida com precisão pela legião romana. Para medir as distâncias dos tiros, os soldados usavam um projétil de chumbo com uma linha amarrada. Já os judeus, a cada bala lançada, avisavam seus camaradas para se proteger. A frase-senha era meio bizarra: “Bebê chegando”.
Só na sabotagem
Os judeus usaram diversos e engenhosos contra-ataques, como túneis subterrâneos, por onde saíam à noite para realizar ataques-relâmpagos contra os romanos. Quando os romanos tomaram a segunda muralha, por exemplo, foram atacados por milhares de guerrilheiros que haviam se emboscado nas casas e escombros do local.
Peça de ataque
A torre de assalto, de madeira e couro, era o alvo predileto dos defensores judeus – e uma peça a ser protegida a qualquer custo pelos romanos. O único jeito de deter o monstro era incendiando-o. E foi o que fez um grupo de judeus liderado por João, o Idumeu, numa ousada ação de sabotagem.
Bate-estaca
O exército romano usou bate-estacas para tentar abrir vãos nas muralhas de Jerusalém. Foi assim que a cidade caiu, ao fim do cerco. Vinte homens e um corneteiro tomaram o local por uma brecha na fortaleza Antônia. Os judeus se imaginaram vítimas de um ataque em larga escala e fugiram.
Em abril do ano 66 de
nossa era, quando o governador romano confiscou dezessete talentos do tesouro do
Templo, os nacionalistas judeus se rebelaram. Eles se apoderaram do Templo, interromperam
os sacrifícios diários em honra ao imperador romano e capturaram a fortaleza de
Massada.
A Revolta
A Grande Guerra, ou Primeira Revolta Judaica, foi um evento ímpar
naquela região, porque os judeus foram o único povo no antigo Oriente Próximo a
lançar uma ofensiva em larga escala contra o Império Romano. Ímpar também foi o
fato de que nenhum outro conflito da Antigüidade foi relatado com tantos
detalhes por uma testemunha ocular. Essa testemunha foi um historiador judeu do
primeiro século chamado Yosef ben Mattityahu, mais conhecido como Flávio
Josefo. Josefo era um ex-fariseu e comandante das forças nacionalistas judaicas
na Galiléia. O historiador romano Dio Cássio também forneceu outro importante
relato, baseado em documentos militares oficiais.
Em resposta à insurreição judaica, concentrada principalmente em
Jerusalém, Vespasiano, principal comandante romano, foi enviado para sufocar o
levante com cerca de cinqüenta mil soldados. O ataque de Vespasiano começou no
norte de Israel que, ao contrário de Jerusalém, ofereceu pouca resistência. Por
exemplo, as famílias judias que ocupavam a fortaleza galiléia de Jotapata,
defendida por Josefo, preferiram cometer suicídio a se renderem ao inimigo.
Quanto a Josefo, ele passou para o lado dos romanos.
Uma exceção foi a cidade de Gamla, nas Colinas de Golã, que, no outono
do ano 67 d.C., tentou conter o avanço romano em direção a Jerusalém. Os
romanos, porém, dizimaram a cidade, massacrando quatro mil judeus. Para que
suas famílias não fossem vítimas da brutalidade de Roma, cerca de cinco mil
judeus tiraram a própria vida, saltando para a morte do alto dos abismos que
cercavam aquela área. A atitude heróica daquela cidade lhe rendeu o título de
"Massada do Norte".
O cerco de
Jerusalém no ano 70 dC foi um acontecimento decisivo na
Primeira revolta judaica. Ela foi seguida pela queda de Masada em 73 dC.
O exército romano, liderada
pelo futuro imperador Tito, com Tibério Júlio Alexandre como seu segundo em
comando, sitiaram e conquistaram a cidade de Jerusalém, que havia sido ocupada
por seus defensores judeus em 66 dC. A cidade e seu famoso Templo foram
destruídos em 70 dC.
A destruição do
Templo é ainda anualmente lamentado com o jejum judaico Tishá Be Av, e o Arco
de Tito, que mostra e celebração do saque de Jerusalém e do Templo, ainda está
em Roma.
Apesar dos sucessos
iniciais em repelir os cercos Romanos, o Zealotes lutavam entre si, pela
liderança. Eles não tinham disciplina, treinamento e preparação para as
batalhas que se seguiriam.
Tito cercou a cidade,
com três legiões (V Macedonica, OmeuNuke XII, XV Apolinário), no lado
ocidental, e uma quarta (X Fretensis) sobre o Monte das Oliveiras, a leste. Ele
colocou pressão sobre os alimentos e abastecimento de água dos moradores,
permitindo que os peregrinos entrassem na cidade para comemorar a Páscoa e, em
seguida, recusando-lhes saída. Após os judeus terem mataram um número de
soldados romanos, Tito enviou Josefo, o historiador judeu, para negociar com os
defensores, o que acabou com os judeus ferindo o negociador com uma seta. Em
uma ocasião Tito quase foi capturado durante um súbito ataque, mas escapou.
Em meados de maio
Tito definiu destruir o Terceiro muro construído recentemente, rompendo-o, bem
como a segunda parede, e voltando sua atenção para a Fortaleza de Antônia ao
norte do Monte do Templo. Os romanos foram atraídos para combates de rua com os
zelotes, que foram, então, condenada a retirar-se para o templo para evitar
grandes perdas. Josephus não em outra tentativa de negociação, e os ataques
judeus impediram a construção de torres de cerco na Fortaleza de Antonia.
Comida, água e outras disposições foram diminuindo dentro da cidade, mas
pequenas partes de forragem conseguiu esgueirar-se para o abastecimento da
cidade. Para colocar um fim às forrageiras, foram emitidas ordens para
construir um novo muro, e construção da torre de cerco foi reiniciado também.
Depois de várias
tentativas fracassadas de violação ou de escalar os muros da Fortaleza Antônia,
os romanos finalmente lançou um ataque secreto, aos guardas enquanto dormiam e
tomara a fortaleza. Com vista para o recinto do Templo, a fortaleza desde um ponto
perfeito para atacar o próprio Templo. Os Aríetes tiveram pouco progresso, mas
durante a luta em si, eventualmente, as paredes ficaram em chamas, quando um
soldado romano atirou um tição em uma das paredes do Templo. Destruir o Templo
não estava entre as metas de Tito. O mais provável, Tito quis agarrá-la e
transformá-lo em um templo dedicado ao imperador romano e um panteão romano.
Mas o fogo se espalhou rapidamente e logo estava fora de controle. O templo foi
destruído em no final de agosto, e as chamas se espalharam nas seções
residencial da cidade. As legiões romanas esmagaram rapidamente a resistência
remanescente dos judeus. Parte dos judeus restantes escaparam através de túneis
subterrâneos ocultos, enquanto outros fizeram uma última resistência na Cidade
Alta. Esta defesa parou o avanço dos romanos como eles tiveram que construir
torres de assalto para atacar os judeus remanescentes. A cidade foi
completamente sob controle romano em 7 de setembro e os romanos continuaram a
perseguir os judeus que haviam fugido da cidade.
Destruição de Jerusalém
Sulpício Severo (363
- 420), referindo-se em sua crônica de uma anterior por escrito, Tácito (56 -
117), alegou que Tito favoreceu a destruição do Templo de Jerusalém para ajudar
a arrancar e destruir o povo judeu. O relato de Flávio Josefo Tito descrito
como moderado em sua abordagem e, depois de conferenciar com os outros,
ordenando que os mil anos de idade (na época) Templo ser poupados. (Templo de
Salomão, datado do século 10 aC, embora a estrutura física foi o Templo de
Herodes, cerca de 90 anos na época.) De acordo com Josephus, os soldados
romanos ficaram furiosos com os ataques e táticas dos judeus e , contra as
ordens de Tito, incendiaram um apartamento ao lado do Templo, que logo se
espalhou por todo.
Josephus agiu como
mediador para os romanos e, quando as negociações fracassaram, testemunhou o
cerco e rescaldo. Ele escreveu:
Agora,
logo que o Exército não tinha mais pessoas para matar ou roubar, porque não
ficou ninguém para ser objeto de sua fúria (por que não teria poupado algum, se
houvesse permanecido qualquer outro trabalho a ser feito), [Tito] César deu
ordens para que eles agora devem destruir toda a cidade eo Templo, mas deve
deixar o maior número de torres de pé como eles eram as de maior eminência,
isto é, Phasaelus e Hípico e Mariamne; e tanto da parede em anexo a cidade no
lado oeste. Este muro foi poupado, a fim de permitir um acampamento para os que
estavam a residir na guarnição [na Cidade Alta], como eram as torres [os três
fortes] também poupados, a fim de demonstrar à posteridade que tipo de cidade
que foi , e como bem fortificada, que o valor romano tinha subjugado, mas para
todo o resto da parede [em torno de Jerusalém], que era tão completamente
estabelecido, mesmo com o solo por aqueles que cavaram-lo até a base, que havia
deixado nada fazer aqueles que vieram de lá que ela [Jerusalém] jamais foi
habitada. Este foi o final que chegou a Jerusalém pela loucura dos que foram
para as inovações, uma cidade de outra forma de grande magnificência e da fama
de valente entre todos os homens. E realmente, o ponto de vista muito em si foi
uma coisa triste; país para aqueles lugares que eram adornadas com árvores e
jardins agradáveis, foram-se agora desolado todos os sentidos, e suas árvores
estavam todas cortadas. Nem poderia qualquer estrangeiro que anteriormente
haviam visto a Judéia e os subúrbios mais bonitas da cidade e, agora, viu-o
como um deserto, mas lamento e luto, infelizmente, a tão grande mudança. Para
que a guerra tinha previsto todos os sinais de beleza muito desperdício. Também
não havia ninguém que tivesse conhecido o lugar antes, tinha chegado a uma
repentina para ele agora, ele teria conhecido lo novamente. Mas, embora ele [estrangeiro]
não eram da própria cidade, mas teria ele perguntou por ela.
Josefo afirma que 1.100.000 pessoas morreram durante o cerco, dos quais a maioria eram judeus, e que 97.000 foram capturados e escravizados, incluindo Simão Bar Giora e João de Gischala. Muitos fugiram para áreas em torno do Mediterrâneo. Tito teria se recusado a aceitar a coroa da vitória, pois "não há mérito em vencer povo abandonado pelo seu próprio Deus."
ANTIGUIDADES JUDAICAS LIVRO XVIII - Capítulo 4
Revolta dos judeus contra Pilatos, governador
daJudéia,por ter feito entrar em Jerusalém as bandeiras, que traziam a imagem
do imperador. Ele as retira. Louvores de JESUS CRISTO. Horrível ofensa feita a
uma dama romana pelos sacerdotes da deusa ísis e castigo que Tibério lhes
inflige.
770.
Pilatos, governador da Judéia, enviou dos
quartéis de inverno de Cesaréia
a Jerusalém tropas que traziam em seus
estandartes a imagem do imperador, o que é tão
contrário às nossas leis
que nenhum outro governador antes dele o fizera. As tropas entraram de noite, e
por isso apenas no dia seguinte é que se
percebeu. Imediatamente os judeus foram em grande número
procurar Pilatos em Cesaréia e durante vários
dias rogaram-lhe que removesse aqueles estandartes. Ele negou o pedido,
dizendo que não o poderia fazer sem ofender o imperador.
Mas como eles continuavam a insistir, ordenou aos seus soldados, no sétimo
dia, que secretamente se conservassem em armas e subiu em seguida ao tribunal
que mandara erguer de propósito no local
dos exercícios públicos, porque
era o lugar mais apropriado para escondê-los.
Os judeus, porém,
insistiam no pedido. Ele então deu o sinal
aos soldados, que os envolveram imediatamente por todos os lados, e ameaçou
mandar matá-los se continuassem a insistir e não
voltassem logo cada qual para a sua casa. A essas palavras, eles lançaram-se
todos por terra e apresentaram-lhe a garganta descoberta, para mostrar que a
observância de suas leis lhes era muito mais
cara que a própria vida. Aquela constância
e zelo tão ardentes pela religião
causou tanto assombro a Pilatos que ele ordenou que se levassem os estandarte
de Jerusalém para Cesaréia.
771.
Em seguida, Pilatos tentou retirar dinheiro do tesouro sagrado para
fazer vir a Jerusalém, pelos aquedutos, a água
cujas nascentes distavam uns duzentos estádios. O povo
ficou de tal modo revoltado que veio em grupos numerosos queixar-se e rogar-lhe
que não continuasse aquele projeto. E, como
acontece ordinariamente no meio de uma população exaltada,
alguns chegaram de dizer-lhe palavras injuriosas. Ele ordenou então
aos soldados que escondessem cacetes debaixo da túnica e
rodeassem a multidão. Quando recomeçaram
as injúrias, sinalizou aos soldados para que
executassem o que havia determinado. Eles não somente
obedeceram, como fizeram mais do que ele desejava, pois espancaram tanto os
sediciosos quanto os indiferentes. Os judeus não estavam
armados, e por isso muitos morreram e vários foram
feridos. E a sedição terminou.
772.
Nesse mesmo tempo, apareceu JESUS, que era um homem sábio, se é
que
podemos considerá-lo simplesmente
um homem, tão admiráveis eram as suas obras. Ele ensinava os que
tinham prazer em ser instruídos na verdade
e foi seguido não somente por
muito judeus, mas também por muitos
gentios. Ele era o CRISTO (MESSIAS). Os mais ilustres dentre os de nossa nação acusaram-no perante Pilatos, e este ordenou que
o crucificassem. Os que o haviam amado durante a sua vida não o abandonaram depois da morte. Ele lhes apareceu
ressuscitado e vivo no terceiro dia, como os santos profetas haviam predito,
dizendo também que ele
faria muitos outros milagres. É dele que os
cristãos, os quais vemos ainda hoje, tiraram
o seu nome.
ANTIGUIDADES JUDAICAS LIVRO XVIII - Capítulo 7
Guerra entre Aretas, rei de Petra, e Herodes, o
tetrarca, que, tendo desposado a filha daquele, queria repudiá-la
para casar-se com Herodias,
filha de Aristóbulo e mulher de Herodes, seu irmão por parte de pai. O exército de Herodes é
totalmente derrotado, e os judeus
atribuem ao fato de ele ter colocado João Batista na prisão. Posteridade de Herodes, o Grande.
780.
Nesse mesmo tempo, aconteceu, pelo motivo que passo a descrever, uma
grande guerra entre Herodes, o tetrarca, e Aretas, rei de Petra. Herodes, que
havia desposado a filha de Aretas e vivera muito tempo com ela, passou, numa
viagem a Roma, pela casa de Herodes, seu irmão por parte de
pai, filho da filha de Simão, sumo
sacerdote, e concebeu tal paixão pela mulher
dele, Herodias — filha de Aristóbulo,
irmão de ambos e irmã
de Agripa, que depois foi rei —, que propôs
desposá-la logo que estivesse de volta de
Roma e repudiasse a filha de Aretas.
Ele continuou a sua viagem e voltou após
cumprir as incumbências de que fora encarregado. A sua
mulher veio a saber de tudo o que se havia passado entre ele e Herodias, mas
nada demonstrou e rogou-lhe que permitisse ir a Maquera, fortaleza situada na
fronteira dos dois territórios, que então
pertencia ao rei seu pai. Como Herodes não julgava que
ela soubesse de seu projeto, não teve
dificuldade em atendê-la. O governador da praça
recebeu-a muito bem, e um grande número de
soldados escoltou-a até a corte do rei Aretas.
Ela contou-lhe da resolução
tomada por Herodes, e ele sentiu-se muito ofendido. Havendo já
surgido algumas divergências entre os dois príncipes,
por causa dos limites do território de Gamala,
eles entraram em guerra; todavia, nem um nem outro tomou parte dela em pessoa.
A batalha travou-se, e o exército de
Herodes foi completamente derrotado, devido à traição
de alguns refugiados que, expulsos da tetrarquia de Filipe, se alistaram nas tropas
de Aretas. Herodes escreveu a Tibério, contando
o que havia acontecido, e este ficou tão enfurecido
contra Aretas que ordenou a Vitélio que lhe
declarasse guerra e o trouxesse vivo, se possível, ou lhe
mandasse a cabeça, caso ele viesse a morrer na luta.
781. Vários judeus julgaram a derrota do exército de Herodes um castigo de Deus, por causa de
João, cognominado Batista. Era um homem
de grande piedade que exortava os judeus a abraçar a virtude, a praticar a justiça e a receber o batismo, para se tornarem agradáveis a Deus, não se
contentando em evitar o pecado, mas unindo a pureza do corpo à da alma. Como uma grande multidão o seguia para ouvir a sua doutrina, Herodes,
temendo que ele, pela influência que
exercia sobre eles, viesse a suscitar alguma rebelião, porque o povo estava sempre pronto a fazer o
que João ordenasse,
julgou que devia prevenir o mal, para depois não ter motivo de se arrepender por haver esperado
muito para remediá-lo. Por esse
motivo, mandou prendê-lo numa
fortaleza em Maquera, de que acabamos de falar, e os judeus atribuíram a derrota de seu exército a um castigo de Deus, devido a esse ato tão injusto.
782. Vitélio, para
executar a ordem recebida de Tibério, tomou
duas legiões e suas cavalarias e outras tropas
que os reis sujeitos ao Império Romano lhe
enviaram. Na sua marcha em direção a Petra,
chegou a Ptolemaida. O seu intento era fazer passar o exército
através da Judéia, porém
os maiorais dessa nação vieram pedir-lhe que não
o fizesse, porque as legiões romanas traziam em seus estandartes
figuras que eram contrárias à nossa religião.
Ele satisfez-lhes o pedido e mandou que os soldados passassem pelo campo.
Acompanhado pelo tetrarca e seus amigos, foi a Jerusalém
oferecer sacrifícios a Deus, pois se aproximava o dia
de uma festa. Ele foi recebido com grandes honras e lá
permaneceu três dias.
783.
Nesse tempo, tirou o sumo sacerdócio de jônatas para dá-la a TeóFílon, seu irmão. E, havendo recebido a notícia da morte de Tibério, fez o povo prestar juramento de fidelidade a
Caio Calígula, que lhe
sucedera no império. Essa
mudança o fez recolher as tropas, e ele
enviou-as aos quartéis de inverno
e voltou a Antioquia.
Albino sucede a Festo no governo dajudéia e o reiAgripa
dá e tira diversas vezes o sumo sacerdócio. Anano,
sumo sacerdote, manda matar
Tiago. Agripa engrandece e embeleza a cidade de Cesaréia de Filipe e a chama Neroniana. Graças que
ele concede aos levitas. Relação
de todos os sumos sacerdotes desde Aarão.
856.
Morrendo Festo, Nero deu o governo da Judéia a Albino e
o rei Agripa tirou o sumo sacerdócio de José
para dá-lo a Anano. Anano, o pai, foi considerado
como um dos homens mais felizes do mundo, pios gozou quanto quis dessa grande
dignidade e teve cinco filhos que a possuíram também
depois dele; o que jamais aconteceu a qualquer outro. Anano, um dos de que nós falamos agora, era homem ousado e empreendedor,
da seita dos saduceus, que, como dissemos, são os mais
severos de todos judeus e os mais rigorosos nos julgamentos. Ele aproveitou o
tempo da morte de Festo, e Albino ainda não tinha
chegado, para reunir um conselho, diante do qual fez comparecer Tiago, irmão de Jesus, chamado Cristo, e alguns outros;
acusou-os de terem desobedecido às leis e os
condenou ao apedrejamento. Esse ato desagradou muito a todos os
habitantes de Jerusalém, que eram piedosos e tinham verdadeiro
amor pela observância de nossas leis. Mandaram
secretamente pedir ao rei Agripa que ordenasse a Anano, nada mais fazer de semelhante,
pois o que ele fizera, não se podia desculpar. Alguns deles
foram à presença de Albino,
que então tinha partido de Alexandria, para
informá-lo do que se havia passado e
dizer-lhe que Anano não podia nem devia ter reunido aquele
conselho sem sua licença. Ele aceitou estas desculpas e
escreveu a Anano, encoleriza-do, ameaçando mandar
castigá-lo. Agripa, vendo-o tão
irritado, tirou-lhe o sumo sacerdócio, que
exercera somente durante quatro meses, e a deu a Jesus, filho de Daneu.
guerras judaicas LIVRO I - INTRODUÇÃO
Assim, começarei
minha história por onde seus autores e nossos
profetas terminaram as suas. Referirei particularmente, com toda a exatidão
que me for possível, a guerra que se travou no meu
tempo e contentar-me-ei em tocar brevemente o que se passou nos séculos
precedentes.
Direi de que modo o rei Antíoco
Epifânio, depois de ter tomado Jerusalém e de tê-la possuído durante três anos e meio, de lá
foi expulso pelos filhos de Matatias, hasmoneu.
Observe Josefo fala dos três anos e
meio das profecias de Daniel, ou seja, um tempo, dois tempos e metade de um
tempo, que foi o tempo que durou a profanação do Templo em Jerusalém feita
pelos gregos.
guerras judaicas livro v - Capítulo 32
Espantosa miséria em que se achava Jerusalém e
invencível teimosia dos rebeldes. Tito faz erguer
quatro novas plataformas.
424. Os judeus, vendo-se então
inteiramente cercados na cidade, desesperavam-se de uma vez de sua salvação.
A fome que sempre aumentava, devorava famílias inteiras.
As
casas estavam cheias de cadáveres de
mulheres e de crianças, e as ruas,
de corpos de anciãos. Os moços, inchados e cambaleando pelas ruas, mais
pareciam espectros do que seres vivos e o menor obstáculo os fazia cair. Assim, não tinham forças para
enterrar os mortos e quando mesmo as tivessem, não teriam podido fazê-lo, quer por seu número muito elevado, quer porque eles mesmos não sabiam quanto tempo ainda lhes restaria de vida.
Se alguém se esforçava por prestar esse dever de piedade, morria
também quase sempre de fazê-lo; outros arrastavam-se como podiam até o lugar de sua sepultura, para ali esperar o
momento da morte, que estava próxima. No meio de tão
espantosa miséria não se ouviam
choros nem lamentos, não se escutavam gemidos, porque aquela
fome horrível com que a alma estava inteiramente
ocupada afogava todos os outros sentimentos. Os que ainda viviam, contemplavam
os mortos com olhos enxutos, e seus lábios inchados
e lívidos lhes faziam ver a morte
esculpida no rosto. O silêncio era tão
grande em toda a cidade, como se ela tivesse sido sepultada numa noite profunda
ou que lá não vivesse mais
um ser humano. Em tal contingência aqueles
celerados, que de tudo eram a causa principal, mais cruéis
que a mesma fome e que os animais ferozes, entravam naquelas casas que eram mais
sepulcros que lares, e despojavam os mortos, tiravam-lhes até
as vestes, e acrescentando ainda a zombaria a tão espantosa
desumanidade feriam com golpes os que ainda respiravam para experimentar se
suas espadas ainda tinham gume. Mas ao mesmo tempo, por uma crueldade contrária,
recusavam-se a matar, com desprezo, àqueles que
lhos pediam, ou ainda emprestar-lhes a espada para que eles mesmos se
matassem, a fim de se libertar dos males que a fome os fazia sofrer. Os
moribundos, ao entregar a alma, voltavam os olhos para o Templo, tinham o coração
partido de dor por deixar ainda com vida aqueles celerados, que o profanavam de
maneira tão horrível. Aqueles
monstros de impiedade, no começo, enterravam
os mortos à custa do poder público,
para se livrar do mau cheiro. Mas não podendo mais
fazê-lo, jogavam-nos por cima do muro, ao
fundo dos vales. O horror que Tito sentiu por vê-los, quando
deu a volta a toda a praça e o estranho fedor do apodrecimento
dos cadáveres, fê-lo soltar um
profundo suspiro; ele elevou suas mãos para o céu
e tomou a Deus por testemunha de que não era culpado
de tudo aquilo. Este é o estado mais que deplorável
de tão infeliz e miserável
cidade.
Como os romanos não
temiam mais os ataques dos judeus, que o desânimo, bem
como a fome, mantinha dentro de seus muros, viviam tranqüilos
e nada faltava ao seu exército, porque traziam da Síria
e das províncias vizinhas trigo e todas as outras
provisões de que podiam ter necessidade. Eles
os expunham à vista dos judeus e tão
grande abundância de alimentos incitava-lhes ainda
mais a fome, aumentando neles o pavor de sua miséria. Nada, porém,
era capaz de mover os rebeldes. Tito para salvar, pelo menos, tomando a cidade
o mais depressa possível, o restante desse pobre povo, de
que ele sentia compaixão, mandou erguer novas plataformas,
embora tivessem de fazê-lo com grandes dificuldades, pela
falta de materiais, porque haviam empregado toda a madeira naquelas que haviam
sido destruídas pelo fogo, e os soldados deviam ir
buscar novos troncos de árvores a noventa estádios
da cidade. Começaram perto da fortaleza Antônia
a erguer quatro plataformas, maiores que as precedentes, e Tito estava
continuamente a cavalo, para apressar aquele estafante trabalho, que devia
tirar todas as últimas esperanças
dos rebeldes; mas eles eram incapazes de se arrepender. Parece que tinham o
corpo e a alma completamente isolados sem se comunicarem entre si, tão
pouco ou nada se comoviam com o que muito os deveria impressionar e seus
corpos eram insensíveis à
dor.
Eles estraçalhavam como cães
os cadáveres daquele pobre povo, e enchiam
as prisões com os que ainda respiravam.
Horrível miséria a que Jerusalém se encontra reduzida
e incrível desolação de todos os países dos arredores.
Os romanos terminam em vinte e
um dias suas novas plataformas.
432. Os males que afligiam Jerusalém
aumentavam cada vez mais; o furor dos revoltosos aumentava também,
pois a fome era tal que os roubos não impediam que
eles também começassem a se
sentir envolvidos na mesma miséria geral, que
já tinha destruído
grande parte do povo e que reduzia ao último extremo
os que ainda viviam. Os cadáveres que
enchiam a cidade e a contaminavam com seu mau cheiro, o que não
se podia contemplar sem horror, retardavam mesmo os ataques, pois a quantidade
não era menor que a dos que poderiam ter
tombado numa grande batalha, dentro dos muros. Havia mortos por toda a parte;
pelas estradas, pelas ruas, não se podia
passar sem que pisasse nalgum cadáver. Mas o
endurecimento de seu coração era tal que esse espetáculo
tão horrendo não
os impressionava, não lhes causava a compaixão,
e não os fazia considerar que aumentariam
bem depressa o número dos que eles calcavam aos pés
com tanta desumanidade. Depois de ter numa guerra interna manchado suas mãos
no sangue de seus próprios concidadãos,
pensavam agora somente em lutar contra os romanos, numa guerra externa e
parecia que eles censuravam a Deus que adiava o castigo, pois não
havia mais esperança de vencer; era o desespero que lhes
inspirava tanta coragem e ousadia.
433.
Entretanto, os romanos em vinte e um dias terminaram as novas plataformas,
não obstante a dificuldade em encontrar
a madeira necessária para tal obra. Eles devastaram
toda a região a oitenta estádios
nos arredores de Jerusalém; e jamais terra ficou tão
desfigurada. Onde outrora havia bosques e árvores
frondosas, jardins deliciosos, não havia agora
uma única árvore, e não
somente os judeus, mas os estrangeiros, que antes admiravam aquela formosa
parte da Judéia, agora não
seriam capazes de reconhecer, nem ver os maravilhosos arrabaldes daquela
grande cidade, convertidos em terrenos abandonados e silvestres, sem que tão
deplorável mudança
os fizesse derramar lágrimas. Foi assim que a guerra de tal
modo destruiu uma região tão favorecida
por Deus, que já não lhe restava
o menor vestígio de sua beleza antiga e podia-se
perguntar em Jerusalém, onde então
estava Jerusalém.
guerras judaicas LIVRO VI - Capítulo 21
Espantosa história de uma mãe que matou e comeu em
Jerusalém seu próprio filho. Horror que com isso Tito veio a sentir.
459. Uma mulher chamada Maria, filha
de Eleazar, muito rica, tinha vindo com algumas outras, à
aldeia de Batechor, isto é, casa de hissope, refugiar-se em
Jerusalém, e lá se viu
cercada. Aqueles tiranos, cuja crueldade martirizava os habitantes, não
se contentaram em lhe arrebatar tudo o que tinha levado de mais precioso,
tomaram-lhe ainda por diversas vezes o que ela havia escondido para seu
alimento. A dor de se ver tratada daquela maneira lançou-a
em tal desespero, que, depois de ter feito mil imprecações
contra eles, usou de palavras ofensivas, procurando irritá-los,
a fim de que a matassem, mas nem um só daqueles
tigres, por vingança de tantas injúrias
ou por compaixão, lhe quis usar dessa graça.
Ela
se viu reduzida assim, às últimas, não podia
esperar socorro de ninguém; e a fome
que a devorava, e ainda mais, o fogo que a cólera tinha
acendido no seu coração, inspiraram-lhe
uma resolução que causa
horror à própria natureza. Ela arrancou o filho do próprio seio e disse-lhe: "Criança infeliz, da qual nunca se poderá chorar bastante a desgraça de ter nascido durante esta guerra, durante a
carestia e no meio de diversas facções, que
conspiram sem trégua, para a ruína de nossa pátria, para que
te haveria eu de conservar a vida? Para ser talvez escrava dos romanos, quando
mesmo eles nos quisessem ajudar? A fome nos teria feito morrer antes mesmo de
cairmos em suas mãos. E esses
tiranos, que nos pisam a garganta, não são eles ainda mais temíveis e cruéis que os
romanos e a fome? Não é então preferível que tu morras, para servir-me de alimento,
para enraivecer esses revoltosos e deixar atônita a
posteridade, com uma ação tão trágica, que não seria a única a faltar para encher a medida dos males que
tornam hoje os judeus o povo mais infeliz da terra?" Depois de ter assim
falado ela matou o filho, cozeu-o, comeu uma parte e escondeu a outra. Aqueles ímpios, que só viviam de
rapina, entraram em seguida naquela casa; tendo sentido o cheiro daquela
iguaria inominável, ameaçaram matá-la, se ela não lhes mostrasse o que tinha preparado para comer.
Ela respondeu que ainda lhe restava um pedaço da iguaria e
mostrou-lhes restantes do corpo do próprio filho.
Ainda que tivessem um coração de bronze,
tal espetáculo
causou-lhes tanto horror, que eles pareciam fora de si. Ela, porém, na exaltação que lhe
causava o furor, disse-lhes, com o rosto con-vulsionado: "Sim, é meu próprio filho que
vedes, e fui eu mesma que o matei. Podeis comê-lo, também, pois eu já comi. Sois talvez menos corajosos que uma mulher
e tendes mais compaixão que uma mãe? Se vossa piedade não vos permite aceitar essa vítima, que vos ofereço, eu mesma acabarei de comê-lo". Aqueles homens que até então não haviam sabido o que era a compaixão, retiraram-se trêmulos, e por maior que fosse a sua avidez em
procurar alimento, deixaram o restante daquela detestável iguaria à infeliz mãe. A notícia de fato tão funesto espalhou-se incontinenti por toda a
cidade.
O horror que todos sentiram foi o mesmo, como se cada qual tivesse cometido
aquele horrível crime; os mais torturados pela
fome só desejavam morrer, quanto antes, e
julgavam felizes os que já haviam morrido, antes de ter tido ciência
deste fato ou ouvido narrar coisa tão execrável.
Os romanos também
logo souberam de tudo, isto é, da criança
sacrificada por sua própria mãe, para que
ela pudesse continuar a viver. Uns não podiam crer
no que se dizia; outros sentiam imensa compaixão, mas a maior
parte viu acender-se ainda mais o ódio que já
sentiam contra os judeus. Tito, para se justificar diante de Deus a esse
respeito, protestou em voz alta que ele tinha oferecido aos judeus uma anistia
geral de todo o passado e visto que eles tinham preferido a revolta à
obediência, a guerra à
paz, a carestia à abundância e tinham
sido os primeiros a incendiar com suas próprias mãos
o Templo, que ele tinha se esforçado por
conservar, mereciam ser obrigados a se alimentar de tão
execrável iguaria. No entanto, ele
sepultaria aquele horrível crime sob as ruínas
da sua capital, a fim de que o sol, fazendo a volta ao mundo, não
fosse obrigado a esconder seus raios, pelo horror, de iluminar uma cidade onde
as mães se nutriam de carne dos próprios
filhos, onde os pais não eram menos culpados que elas, pois tão
estranhas misérias não os podiam
decidir a abandonar as armas. Estas as palavras do grande príncipe,
porque, considerando até que excesso ia a raiva daqueles
revoltosos, ele não achava, que
depois de ter sofrido tantos males, dos quais apenas o temor deveria trazê-los
ao cumprimento do dever, nada poderia jamais fazê-los mudar.
guerras judaicas livro vi - Capítulo 31
Sinais e predições da desgraça que sobreveio aos
judeus, aos quais eles não deram crédito.
476. Relatarei aqui alguns desses
sinais e dessas predições.
Um cometa, que tinha a forma de uma
espada, apareceu sobre Jerusalém, durante um
ano inteiro.
Antes de começar
a guerra, o povo reunira-se, a oito de abril, para a festa da Páscoa,
e pelas nove horas da noite viu-se durante uma hora e meia em redor do altar e
do Templo, uma luz tão forte que se teria pensado que era
dia. Os ignorantes tiveram-na como um bom augúrio, mas os
instruídos e sensatos, conhecedores das
coisas santas, consideraram-na como um presságio do que
depois sucedeu.
Durante essa mesma festa uma vaca que
era levada para ser sacrificada deu à
luz
um cordeiro no meio do Templo.
Pelas seis horas da tarde a porta do
Templo que está do lado do oriente, que é
de bronze e tão pesada que vinte homens mal a podem
empurrar, abriu-se sozinha, embora estivesse fechada com enormes fechaduras,
barras de ferro e ferrolhos, que penetravam bem fundo no chão,
feito de uma só pedra. Os guardas do Templo avisaram
imediatamente o magistrado do que acontecera e lhe foi bem difícil
tornar a fechá-la. Os ignorantes interpretaram-no
ainda como um bom sinal, dizendo que Deus abria em seu favor suas mãos
liberais, para cobri-los de toda sorte de bens. Porém,
os mais sensatos julgaram o contrário, isto é,
que o Templo destruir-se-ia por si mesmo e que a abertura de sua porta era
presságio, o mais favorável,
que os romanos pudessem desejar.
Um pouco depois da festa, a vinte e
sete de maio aconteceu uma coisa que eu temeria relatar, de medo que a tomassem
por uma fábula, se pessoas que também
a viram, ainda não estivessem vivas e se as desgraças
que se lhe seguiram não tivessem confirmado a sua
veracidade. Antes do nascer do sol viram-sé no ar, em
toda aquela região, carros cheios de homens armados,
atravessar as nuvens e espalharem-se pelas cidades, como para cercá-las.
No dia da festa de Pentecostes, os
sacerdotes estando à noite, no
Templo interior, para o divino serviço, ouviram um
ruído e logo em seguida uma voz que
repetiu várias vezes: Saiamos daqui!
Quatro anos antes do começo da guerra, quando Jerusalém gozava ainda de profunda paz e de fartura,
Jesus, filho de Anano, que era então um simples
camponês, tendo vindo
à festa dos Tabemáculos, que se celebra todos os anos no Templo, em
honra de Deus, exclamou: "Voz do lado do oriente, voz do lado do ocidente,
voz do lado dos quatro ventos, voz contra Jerusalém e contra o Templo, voz contra os recém-casados e as recém-casadas, voz contra todo o povo". Dia e
noite ele corria por toda a cidade, repetindo a mesma coisa. Algumas pessoas
de condição, não podendo compreender essas palavras de tão mau pressá-gio, mandaram
prendê-lo e vergastá-lo; mas ele não disse uma só palavra para se defender, nem para se queixar de
tão severo castigo e repetia sempre as
mesmas coisas. Os magistrados, então, pensando,
como era verdade, que naquilo havia algo de divino, levaram-no a Albino,
governador da Judéia. Ele mandou
açoitá-lo até verter sangue e nem assim conseguiram
arrancar-lhe um único rogo, nem
uma só lágrima, mas a
cada golpe que se lhe dava, ele repetia com voz queixosa e dolorida:
"desgraça sobre
Jerusalém".
Quando Albino lhe perguntou quem ele era, de onde era, o que o fazia falar
daquela maneira, ele nada respondeu. Assim despediu-o como um louco e não o viram falar com ninguém, até que a guerra
começou. Ele repetia somente e sem cessar,
as mesmas palavras: "Desgraça, desgraça sobre Jerusalém", sem
injuriar nem ofender aos que o maltratavam, nem agradecer aos que lhe davam de
comer. Todas as suas palavras reduziam-se a tão triste presságio e as
proferia com uma voz mais forte nos dias de festa. Dessa forma continuou
durante sete anos e cinco meses, sem interrupção alguma, sem que sua voz se enfraquecesse ou se
tornasse rouca. Quando Jerusalém foi cercada
viu-se o efeito de suas predições. Fazendo
então a volta às muralhas da cidade, ele se pôs ainda a clamar: "Desgraça, desgraça sobre a
cidade, desgraça sobre o
povo, desgraça sobre o
Templo". Tendo acrescentado "desgraça sobre mim", uma pedra atirada por uma máquina, derrubou-o por terra e ele expirou
proferindo ainda as mesmas palavras.
Se quisermos considerar tudo o que
acabo de dizer, veremos que os homens perecem somente por própria
culpa, pois não há meios de que
Deus não se sirva para
procurar-lhes a salvação e manifestar-lhes por diversos
sinais o que eles devem fazer. Assim, os judeus, depois da tomada da
fortaleza Antônia, reduziram
o Templo a um quadrado embora não pudessem
ignorar o que está escrito nos
livros sagrados, que a cidade e o Templo seriam destruídos quando aquilo viesse a acontecer. Mas o que os
levou principalmente a encetar aquela infeliz guerra, foi a ambigüidade de outra passagem da mesma Escritura, que
dizia que se veria naquele tempo, um homem de seu país, governar toda a terra. Eles o interpretavam em
seu favor e vários até mesmo dos mais hábeis enganaram-se. Pois aquele oráculo dizia que Vespasiano, então, fora criado imperador, quando estava na Judéia. Mas eles explicavam todas essas predições, segundo sua fantasia e só conheceram seus erros, quando ficaram
completamente convencidos da sua inteira ruína e destruição.
Ora o próprio Flavio Josefo havia dito
que o MESSIAS profetizado nas escrituras judaicas era JESUS. Segue texto para
lembrarmos:
LIVRO XVIII -
Capítulo 4 : 772. Nesse mesmo tempo, apareceu JESUS, que era um
homem sábio, se é que
podemos considerá-lo
simplesmente um homem, tão admiráveis eram as suas obras. Ele ensinava os que
tinham prazer em ser instruídos na verdade
e foi seguido não somente por
muito judeus, mas também por muitos
gentios. Ele era o CRISTO (MESSIAS). Os mais ilustres dentre os de nossa nação acusaram-no perante Pilatos, e este ordenou que
o crucificassem. Os que o haviam amado durante a sua vida não o abandonaram depois da morte. Ele lhes apareceu
ressuscitado e vivo no terceiro dia, como os santos profetas haviam predito,
dizendo também que ele
faria muitos outros milagres. É dele que os
cristãos, os quais vemos ainda hoje, tiraram o seu nome.
Porém agora aqui ele diz com todas as
letras que os judeus se equivocaram com relação à profecia de Daniel capitulo
9:27 que diz:
Daniel:
26 Depois das sessenta e duas semanas,
será morto o Ungido e já não estará; e o
povo de um príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário, e o seu
fim será num dilúvio, e até ao fim haverá guerra; desolações são determinadas.
27 Ele fará firme aliança com muitos,
por uma semana; na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de
manjares; sobre a asa das abominações virá o assolador, até que a destruição,
que está determinada, se derrame sobre ele.
E assim Flavio Josefo termina
concluindo que o tal MESSIAS que governaria o mundo era o Imperador Vespasiano.
Ora deve haver alguma coisa errada, ou Josefo falou que o Messias era Jesus ou
que era Vespasiano, os dois ele com
certeza não deve ter dito. De acordo com a vida que Josefo levou depois de
passar para o lado romano na guerra de 66 a.C.,sendo adotado como uma espécie
de filho pelo imperador Vepasiano e
mudando de nome de Yosef Ben Matatias
para Flavius Josefus, o Flavius vem da família então agora imperial a dinastia
Flaviana de Flavio Vespasiano, Josefo teve uma aposentadoria vitalícia, e assim
terminou a vida escrevendo história dos hebreus e das guerras judaicas romanas
em 66. Ora depois de todas essas informações fica óbvio saber qual é o dito
verdadeiro de Josefo, ora aquele que exalta Vespasiano como o Messias de um
povo que viria e seria proclamado Imperador nas terras da Judéia. A passagem
que fala de Jesus foi mexida e sofreu
acréscimos cristão para colocar na boca de um historiador que Jesus era o
Messias.
guerras judaicas livro vi - Capítulo 42
Depois que os romanos ergueram aqueles cavaletes,
derrubaram com os aríetes um pedaço do muro e fizeram brecha em algumas torres;
Simão ejoão e os outros revoltosos são tomados de tal terror que abandonam, para fugir, as torres
de Hípicos, de Fazael e de
Mariana, que só seriam tomadas pela fome, e então os romanos, tornando-se senhores de tudo, fazem
uma horrível matança e
incendeiam a cidade.
492.
Dez dias depois que os cavaletes haviam sido iniciados, foram acabados,
a sete de setembro e os romanos colocaram suas máquinas sobre
eles.
Então, os
revoltosos perderam toda esperança de poder por
mais tempo defender a cidade. Vários abandonaram
os muros para se refugiar no monte Acra ou nos esgotos, porém
os mais corajosos atacaram os que faziam os aríetes avançar.
Os romanos não somente lhes eram superiores em número
e em força, mas sua prosperidade animava-lhes a
coragem, ao passo que os judeus estavam abatidos, sob o peso de tantos males.
Os aríetes derribaram um bom pedaço
de muro e fizeram brecha em algumas torres; os que as defendiam, fugiram; Simão
e Judas foram tomados de tal horror, que imaginando o mal muito maior que na
verdade era, só pensaram em fugir, antes mesmo que os
romanos tivessem chegado até aquele muro.
O horrível orgulho daqueles ímpios
converteu-se de repente em tal espanto que por mais malvados que eles fossem,
não se poderia deixar de sentir compaixão
de tão estranha mudança.
Queriam, para se salvar, atacar os que defendiam o muro feito pelos romanos em
redor da cidade, mas vendo-se abandonados por aqueles mesmos que antes lhes
eram os mais fiéis, cada qual fugiu, como pôde;
e como o medo perturba o juízo e faz que
se vejam coisas que não existem, uns vinham dizer-lhes que
todo o muro do lado do ocidente tinha sido derribado, outros, que os romanos já
haviam entrado, outros, que eles se tinham apoderado das torres. Tantos boatos
falsos aumentaram de tal modo o seu terror, que, atirando-se de rosto por
terra, eles recriminavam sua loucura e, como se tivessem sido feridos por um
raio, ficavam imóveis, sem saber que deliberação
tomar.
493. Viu-se então
claramente um efeito do poder de Deus e a boa sorte dos romanos; pois a
perturbação em que se encontravam aqueles
tiranos, fez que se privassem por si mesmos da maior vantagem que lhes restava,
abandonando as torres, onde nada tinham a temer, senão
a fome. Assim, os romanos que tanto tinham se esforçado
para derribar os muros mais fracos foram tão felizes, que
se tornaram senhores, sem dificuldade, das três admiráveis
torres de Hípicos, de Fazael e de Mariana, de que
falamos há pouco e cuja resistência
era tão extraordinária,
que teriam atacado inutilmente, com todas as suas máquinas.
Depois que Simão e João as
abandonaram, ou melhor, que Deus os expulsou de lá, eles fugiram
para o vale de Siloé, onde depois de ter retomado ânimo
e se terem recuperado um tanto de seu terror, atacaram o novo muro, não,
porém, com tanta força
para dele se apoderar, porque o cansaço, o medo e
tantos males que suportaram, tinham diminuído muito suas
energias. Assim foram rechaçados e
retiraram-se uns para um lado, uns para outro.
Os romanos vendo-se então
senhores dessas torres, hastearam suas bandeiras, bem no alto delas, com
grandes gritos de alegria, porque os últimos esforços
que haviam feito naquela guerra, os faziam desfrutar com mais prazer a felicidade
de a ter gloriosamente terminado. Mas tendo assim conquistado sem resistência
este último muro, eles não
podiam imaginar que não restasse ainda outro para vencer, e
custavam crer no que viam com seus próprios olhos.
494.
Os soldados, espalhados por toda a cidade, matavam sem distinção os que encontravam e incendiavam todas as casas
com as pessoas que lá estavam
escondidas. Os que nelas entravam, para saqueá-las, encontravam-nas cheias de cadáveres de toda a família, que a fome havia feito perecer; o horror de
tal espetáculo os fazia
sair de mãos vazias. Mas
embora sentissem alguma compaixão pelos
mortos, não eram mais
humanos com os vivos, pois matavam a todos os que encontravam; o número dos corpos amontoados uns sobre os outros era
tão grande que entupia as ruas e o
sangue em que nadavam apagava o fogo em vários lugares.
A matança terminava à noite, o incêndio, porém, aumentava.
495.
Foi a oito de setembro que Jerusalém, depois de
ter sofrido tantos males, por fim, desapareceu sob o violento incêndio.
Durante o assédio, mil sofrimentos a atormentaram,
fazendo que sua felicidade e seu esplendor, que desde a fundação
haviam sido enormes, se eclipsassem, depois de a terem tornado digna de inveja.
Mas em tal conjuntura, depois de tantos males, essa infeliz cidade não
é digna de lástima,
a não ser por ter agasalhado em seu seio
aquela multidão de víboras, que a
devoraram e foram a causa de sua ruína.
Tito entra em Jerusalém e admira, entre outras
coisas, as fortificações, mas particularmente as torres
de Hípicos, de Fazael e de
Mariana, que ele conserva, mandando destruir tudo o mais.
496. Tito entrou na cidade e admirou,
entre outras coisas, as fortificações, contemplando
com assombro a potência e a força
das torres, bem como sua beleza. Os tiranos, por fim, foram bastante
imprudentes em abandoná-las. Depois de ter observado
atentamente sua altura, largura, a grandeza extraordinária
das pedras e a arte com que tinham sido unidas, umas às
outras, exclamou: "Bem parecia que Deus combatia por nós;
ele expulsou os judeus destas torres, pois não há
forças
humanas,
nem máquinas capazes de expugná-las".
Disse várias coisas aos amigos a esse respeito
e pôs em liberdade todos os que os tiranos
lá tinham deixado presos. Mandou depois
destruir tudo o mais e conservou somente essas soberbas torres, para servirem
de monumento à posteridade, recordando a felicidade,
sem a qual, ter-lhe-ia sido impossível
apoderarem-se das mesmas.
O
que os romanos fizeram dos
prisioneiros.
497.
Como os romanos estavam cansados de matar e havia ainda uma grande
multidão de gente, Tito ordenou que os
poupassem e não os passassem a fio de espada a não
ser os que ameaçassem defender-se. Mas os soldados não
deixaram de matar, contra sua ordem, os velhos e os mais fracos. Conservaram
somente os que eram fortes e vigorosos, capazes de servir e os encerraram no
Templo destinado às mulheres. Tito confiou-os a um de
seus libertos de nome Fronto, no qual ele depositava grande confiança,
com o poder de agir conforme melhor lhe parecesse. Fronto mandou matar os ladrões
e os revoltosos que se acusavam mutuamente e reservou para o triunfo os mais
jovens e os mais formosos. Mandou com cadeias para o Egito os que tinham mais
de dezessete anos, para trabalhar nas obras públicas e Tito
distribuiu um grande número deles pelas províncias
para servirem de espetáculo de gladiadores e combater contra
as feras. Os que tinham menos de dezessete anos foram vendidos.
Dessa forma, enquanto estes míseros
eram encaminhados como escravos, onze mil outros morreram, uns, porque seus
guardas que os odiavam não lhes deram de comer, outros, porque
não o queriam fazer, desgostosos como
estavam da vida, preferiam mesmo morrer e também porque
dificilmente se encontrava trigo para alimentar tanta gente.
livro vi - Capítulo 45
Número de judeus prisioneiros durante essa guerra e
dos que morreram durante o cerco de Jerusalém.
498. Foram feitos prisioneiros durante
esta guerra noventa e sete mil homens e o assédio de Jerusalém custou a
vida a um milhão e cem mil
homens, dos quais a maior parte,
embora judeus de nascimento, não eram
nascidos na judéia, mas lá se encontravam de todas as províncias para festejar a Páscoa e haviam ficado presos na cidade por causa da
guerra.
Como não havia lugar para acomodá-los
a todos, sobreveio a peste e logo em seguida a carestia. Pode-se julgar que
era difícil que aquela cidade, sendo tão
grande, estivesse de tal modo povoada, que não havia lugar
para tanta gente, principalmente esses judeus vindos de fora, mas não
há melhor prova para isso, do que o
recenseamento feito no tempo de Céstio. Pois
esse governador, querendo dar a conhecer a Nero, que tinha tanto desprezo pelos
judeus, a força de Jerusalém,
rogou aos sacerdotes que contassem o povo. Eles escolheram para isso o tempo da festa
da Páscoa no qual desde as nove horas até às onze, sem
cessar, imolaram-se vítimas, cuja
carne era consumida pelas famílias, que não tinham menos de dez pessoas, algumas até vinte. Concluiu-se que haviam sido imolados
duzentos e cinqüenta e cinco
mil e seiscentos animais, de onde, contando-se apenas dez pessoas para cada
animal, teríamos dois milhões, quinhentos e cinqüenta e seis mil pessoas, purificadas e
santificadas.
Não eram admitidos a oferecer sacrifícios
nem os leprosos, nem os que sofriam de gonorréia, nem as
mulheres que estavam no tempo do incômodo que lhes é
ordinário, nem os estrangeiros que, não
sendo judeus de raça, não deixavam de
sê-lo, por devoção
a essa solenidade. Assim, aquela grande multidão que se tinha
dirigido a Jerusalém, de tantos e tão
diversos lugares, antes do cerco, lá se encontrou
encerrada como numa prisão, quando a guerra começou.
Tito manda destruir Jerusalém até os alicerces, com exceção de um
trecho do muro no lugar onde ele queria construir uma fortaleza, e as torres de Hípicos, de Fazael
e de Mariana.
501. Depois que o exército
romano, que jamais se cansaria de matar e de saquear, nada mais achou em que
saciar o seu furor, Tito ordenou que a destruíssem, até
os alicerces, com exceção de um pedaço
do muro, que está do lado do ocidente, onde ele tinha
determinado construir uma fortaleza e as torres de Hípicos,
de Fazael e de Mariana, porque, sobrepujando a todas as outras em altura e em
magnificência, ele as queria conservar para mostrar
à posteridade, quão
grandes foram o valor e a ciência dos
romanos na guerra, para se apoderarem daquela poderosa cidade, que se tinha
elevado a tal nível de glória.
Essa ordem foi tão exatamente cumprida que não
ficou sinal algum, que mostrasse haver ali existido um centro tão
populoso. Tal o fim de Jerusalém, cuja triste
sorte só se pode atribuir à
raiva daqueles revoltosos que atearam o fogo na guerra.
EUSEBIO DE CESAREIA
LIVRO II - XXIII
[De como Tiago,
chamado irmão do Senhor, sofreu o martírio]
1.
Ao apelar Paulo ao César e ser enviado por Festo à cidade de Roma[1],
os judeus, frustrada a esperança que os induziu a conspirar contra ele[2],
voltaram-se contra Tiago, o irmão do Senhor, a quem os apóstolos tinham confiado
o trono episcopal de Jerusalém. O que segue é o que ousaram fazer também contra
ele.
2.
Trouxeram-no, e diante de todo o povo pediram-lhe que renegasse a fé de
Cristo. Mas quando ele, contra a vontade de todos, com voz livre e falando mais
abertamente do que esperavam, diante de toda a multidão pôs-se a confessar que
nosso Salvador e Senhor Jesus era filho de Deus, já não foram capazes de
suportar mais o testemunho deste homem, justamente porque era considerado o mais
justo de todos pelo grau de sabedoria e piedade a que havia chegado em sua vida,
e mataram-no, aproveitando oportunamente a falta de governo, pois tendo Festo
morrido na Judéia neste tempo, a administração do país ficou sem chefe e sem
controle[3].
3.
O modo como ocorreu a morte de Tiago já foi esclarecido pelas
palavras citadas de Clemente[4],
que conta como o lançaram do pináculo do templo e espancaram-no até matá-lo. Mas quem conta com maior exatidão o que a ele
se refere é Hegesipo, que pertence à primeira geração sucessora dos apóstolos[5]
e que no livro V de suas Memórias diz
assim:
4.
"Sucessor[6] na
direção da Igreja é, junto com os apóstolos, Tiago, o irmão do Senhor. Todos dão-lhe o sobrenome de
"Justo", desde os tempos do Senhor até os nossos, pois eram muitos os
que se chamavam Tiago.
5.
Mas somente este foi santo desde o ventre de sua mãe. Não bebeu vinho nem
bebida fermentada, não comeu carne; sobre sua cabeça não passou tesoura nem navalha e tampouco ungiu-se com
azeite nem usou do banho.
6.
Somente a ele era permitido entrar no santuário, pois não vestia lã, mas
linho. E somente ele penetrava no templo, e ali se encontrava ajoelhado e pedindo perdão por seu povo, tanto que seus
joelhos ficaram calejados como os de
um camelo, por estar sempre de joelhos adorando a Deus e pedindo perdão
para o povo.
7.
Por sua eminente retidão era chamado "o
Justo" e "Oblías", que em grego quer dizer proteção do povo e justiça, como declaram os
profetas acerca dele.
8.
Assim pois, alguns das sete seitas que há no povo e que eu descrevi anteriormente (nas Memórias) tentavam informar-se com ele quem era porta de
Jesus, e ele respondia que este era o Salvador.
9.
Alguns creram que Jesus era o Cristo. Mas as seitas mencionadas
anteriormente não creram nem na ressurreição nem em que venha a dar a cada um segundo suas obras[7].
Mas os que creram, creram por Tiago.
10.Sendo pois, muitos os que creram,
inclusive entre as autoridades[8],
os judeus, escribas e fariseus se
alvoroçaram dizendo: todo o povo corre perigo ao esperar o Cristo em Jesus. Reuniram-se pois ante Tiago e disseram: Nós
te pedimos: retém ao povo, que está
em erro a respeito de Jesus, como se ele fosse o Cristo. Pedimo-te
que convenças a respeito de Jesus todos os que vierem para o dia da Páscoa,
porque a ti todos obedecem. Efetivamente, nós e todo o povo damos testemunho de ti, de que és justo e não te
deixas levar pelas pessoas.
11. Tu pois,
convence a toda a multidão para que não se engane a respeito do Cristo.
Todo o povo e nós mesmos te obedecemos. Ergue-te pois sobre o pináculo do
templo para que do alto sejas visível e todo o povo ouça tuas palavras, pois por causa da Páscoa reúnem-se
todas as tribos, inclusive com os gentios.
12.E assim os mencionados escribas e
fariseus puseram Tiago em pé sobre o pináculo do templo e disseram-lhe aos
gritos: "O tu, o justo!, a quem todos devemos obedecer, posto que o povo anda extraviado atrás de
Jesus o crucificado, diga-nos quem é a porta de Jesus."
13.E ele respondeu com grande voz:
"Por que me perguntam sobre o Filho do homem? Ele também está sentado no
céu à direita do grande poder e há de vir sobre as nuvens do céu[9]."
14.E sendo muitos os que se convenceram
completamente e ante o testemunho de Tiago, irromperam em louvores dizendo: "Hosana ao
filho de Davi!". Então os mesmos
escribas e fariseus novamente disseram uns aos outros: "Fizemos mal
em proporcionar tal testemunho a Jesus, mas subamos e lancemo-lo para baixo,
para que tenham medo e não creiam nele."
15.E puseram-se a gritar dizendo: "Oh!
Oh! Também o Justo extraviou-se!" E assim cumpriram a Escritura que se
encontra em Isaías: Tiremos de nosso meio o justo, que nos é incômodo. Então
comerão o fruto de suas obras.
16.Subiram pois e lançaram abaixo o Justo. E diziam uns aos
outros: "Apedrejemos a Tiago o Justo!" E começaram a apedrejá-lo,
porque ao cair não chegou a morrer. Mas
ele, virando-se, ajoelhou-se e disse: "Eu te peço Senhor, Deus Pai:
Perdoa-os, porque não sabem o que fazem.
17.E quando estavam assim apedrejando-o, um sacerdote, um dos
filhos de Recab, filho dos Recabim, dos quais o profeta Jeremias havia dado
testemunho[10],
gritava dizendo:
Parai, que estais
fazendo? O Justo roga por vós!
18. E um deles, tecelão, agarrou
o bastão com que batia os panos e deu com este na cabeça do Justo, e assim foi
que sofreu o martírio. Enterraram-no naquele lugar, junto ao templo, e ainda
se conserva sua coluna naquele lugar ao
lado do templo. Tiago era já um testemunho veraz para judeus e para gregos de
que Jesus é o Cristo. E em seguida Vespasiano os sitiou[11]."
19. Isto é o que Hegesipo relata minuciosamente,
concordando ao menos com Clemente. Tiago era um homem tão admirável e tanto
havia-se espalhado entre todos a fama
de sua retidão, que até os judeus sensatos pensavam que esta era a causa do
assédio de Jerusalém, iniciado imediatamente depois de seu martírio, e que por nenhum outro motivo
estavam eles sofrendo-o senão pelo crime sacrílego cometido contra ele.
20. Na
verdade, pelo menos Josefo não vacilou em atestar também isto por escrito com estas
palavras:
"Isto sucedeu aos
judeus como vingança por Tiago o Justo, irmão de Jesus, o
chamado Cristo, porque exatamente os judeus o mataram, ainda que fosse um homem justíssimo[12]."
21. O
mesmo autor descreve também a morte de Tiago no livro XX de suas Antigüidades
com estas palavras:
"Sabendo César
da morte de Festo, enviou a Albino como governador da Judéia.
Mas Ananos o Jovem, sobre quem já dissemos que havia recebido o sumo sacerdócio, tinha
um caráter especialmente resoluto e atrevido e formava parte da seita dos
Saduceus, que nos juízos eram justamente os mais cruéis entre os judeus, como
já demonstramos.
22.Ananos sendo pois assim, considerando
oportuna a ocasião por haver morrido Festo e
achar-se Albinus ainda a caminho, convocou a assembléia de juízes, e fazendo
conduzir perante ela o irmão de Jesus, chamado Cristo - chamava-se Tiago - e alguns mais para acusá-los
de violar a lei, entregou-os para que fossem apedrejados.
23.Mas todos os cidadãos considerados os mais sensatos e mais
fiéis observadores da lei levaram a mal
esta sentença e enviaram uma delegação secreta
ao rei[13]
para pedir-lhe que escrevesse a Ananos para que não levasse a cabo tal
coisa, porque já desde o começo não agia com retidão. Alguns deles inclusive saíram ao encontro de Albinus,
que viajava desde Alexandria, para informá-lo de que sem seu parecer
não era permitido a Ananos convocar a assembléia.
24. Persuadido Albinus com
o que lhe disseram, escreveu irritado a Ananos, ameaçando-o de pedir-lhe contas. E o rei Agripa destituiu-o por este
motivo do sumo sacerdócio, que exercia há três meses, e instituiu a Jesus, o
filho de Dameo."
Esta é a história de
Tiago, do qual se diz que é a primeira carta
das chamadas católicas.
25. Mas
deve-se saber que não é considerada autêntica. Dos antigos não são muitos os
que a mencionam, assim como a chamada de Judas, que é também uma das sete chamadas católicas. Ainda assim,
sabemos que também estas, junto com
as restantes, são utilizadas publicamente na maioria das igrejas.
ATÉ O SÉCULO V AS CARTAS DE TIAGO, JUDAS E O APOCALIPSE
PRATICAMENTE FORAM BANIDAS DO CANONE DA BÍBLIA.
LIVRO III – CAPITULO V
[Sobre o último
assédio dos judeus depois de Cristo]
1.
Depois de Nero ter exercido o poder durante treze
anos, e tendo os reinados de Galba e Oto durado um ano e seis meses, Vespasiano, que havia se distinguido nas operações bélicas contra os
judeus, foi nomeado imperador na própria Judéia, após ser proclamado
senhor absoluto pelo exército ali acampado.
Encaminhando-se então a Roma, pôs em mãos de seu filho Tito a guerra
contra os judeus.
2.
Depois da ascensão de nosso Salvador, os judeus acrescentaram ao crime cometido contra ele a invenção de inúmeras
ameaças contra seus apóstolos: Estevão
foi o primeiro que eliminaram, apedrejando-o[14];
depois dele, Tiago, filho de Zebedeu
e irmão de João, a quem decapitaram[15];
e depois de todos, Tiago, o que
depois da ascensão de nosso Salvador foi o primeiro designado para o trono episcopal de Jerusalém e morreu da
forma que já descrevemos. E os demais apóstolos sofreram milhares de
ameaças de morte e foram expulsos da terra
da Judéia. Porém, com o poder de Cristo, que havia-lhes dito: Ide e fazei discípulos de todas as nações
em meu nome [16],
dirigiram seus passos para todas
as nações para ensinar a mensagem.
3.
E não apenas eles. Também o povo da igreja de Jerusalém, por seguir um oráculo enviado por revelação aos notáveis do
lugar, receberam a ordem de mudar de
cidade antes da guerra e habitar certa cidade da Peréia chamada Pella. Tendo os que creram em Cristo emigrado até
lá desde Jerusalém, a partir deste momento,
como se todos os homens santos tivessem abandonado por completo a própria metrópole real dos judeus e
toda a região da Judéia, a justiça
divina alcançou os judeus pelas iniqüidades que cometeram contra Cristo e seus apóstolos, e apagou dentre os homens
toda aquela geração de ímpios.
4. Quem pois quiser saber com exatidão os males
que então caíram sobre a nação em todo
lugar, e como especialmente os habitantes da Judéia viram-se empurrados
ao fundo das calamidades, quantos milhares de jovens, de mulheres e de crianças morreram pela espada, pela
fome, e inúmeras outras formas de morte, e quantas e quais cidades da
Judéia foram sitiadas, e também quantos horrores e pior do que horrores
atingiram os que se refugiaram na mesma
Jerusalém, por ser um metrópole muito fortificada, assim como a índole
de toda a guerra, os acontecimentos que nela se sucederam e como, finalmente, a abominação da desolação anunciada pelos
profetas se instalou no próprio templo de Deus, tão célebre antigamente,
que sofreu todo tipo de destruição e, por
último, foi aniquilado pelo fogo: tudo isso encontrará na narrativa
escrita por Josefo.
5.
Mas é necessário assinalar que este mesmo autor refere
que o número dos que se concentraram nos dias da festa da Páscoa, vindos de toda a Judéia para Jerusalém, como num cárcere, para usar suas
palavras, era de uns três milhões.
6.
Era necessário pois, que nos dias em que causaram a
paixão do Salvador e benfeitor
de todos e Cristo de Deus, nestes mesmos, encerrados como num cárcere, recebessem a ruína que os
alcançava da justiça de Deus.
7.
Mas passando por alto o que lhes sobreveio e o que lhes foi feito pela
espada e de outras maneiras, acho necessário apresentar apenas as calamidades
causadas pela fome, para que os que leiam este escrito possam saber em parte
como não tardou muito para que os alcançasse o castigo divino por seu crime
contra o Cristo de Deus.
CAPITULO
VI
[Sobre
a fome que oprimiu os judeus]
1. Assim pois, se tomas
outra vez em tuas mãos o livro V das Histórias de Josefo, leia a
tragédia que lhes aconteceu então:
"Para os ricos -
diz - ficar era o mesmo que perder-se, pois, sob pretexto de que deserdavam,
assassinavam qualquer um pelos seus bens. Com a fome crescia o desespero dos rebeldes, e dia a dia uma e outro se
acendiam terrivelmente.
2.
O trigo estava invisível, mas eles invadiam as casas e
as revistavam. Então, se o encontravam, maltratavam-nos por ter negado; se não
o encontravam, torturavam-nos por tê-lo escondido tão cuidadosamente. A prova
de ter ou não
ter eram os corpos dos desgraçados: os que ainda se agüentavam em pé pareciam
ter alimentos em abundância; os que já estavam consumidos eram deixados em paz:
parecia fora de propósito matar alguém que logo morreria de inanição.
3.
Muitos davam secretamente seus bens em troca de uma
medida de trigo se eram
ricos; de cevada os mais pobres. Trancavam-se no mais oculto de suas casas e, impelidos
pela necessidade, uns comiam o trigo cru; outros o coziam à medida que a necessidade e o medo
ditavam.
4.
Não se punha a mesa, antes, tiravam do fogo a comida ainda crua e a
devoravam. O alimento era miserável e o espetáculo deplorável: os mais fortes
tomando tudo e os fracos lamentando-se.
5. A fome excede todos os sofrimentos, mas nada
ela destrói mais do que o senso de dignidade, pois o que em outro tempo seria
tido como digno de respeito é depreciado em tempo de fome. Assim, as mulheres
tiravam os alimentos da própria boca dos
maridos, os filhos da de seus pais e, o que é demasiado lamentável, as
mães das bocas de seus filhos, e enquanto os seres mais queridos se consumiam
entre suas mãos, nada os refreava de tirar-lhes as últimas gotas que os
permitiam viver.
6.
Mas, mesmo sendo esta sua comida, não permanecia
oculta. Por toda parte caíam-lhes em cima os
rebeldes em busca dessa presa. Quando viam uma casa fechada, era sinal de que
os ocupantes tinham conseguido comida, e imediatamente arrombavam as portas e
se precipitavam para dentro, e só lhes faltava apertar as gargantas e
arrancar-lhes o bocado.
7.
Golpeavam os anciãos que não soltavam seus alimentos e arrancavam o cabelo
das mulheres que escondiam o que tinham nas mãos. Não havia compaixão nem pelos
velhos nem pelas crianças, mas levantavam as crianças que seguravam seu bocado
e as deixavam cair contra o solo. Com aqueles que, adiantando-se a seu ataque,
engoliam antes o que tentariam tirar-lhes, eram ainda mais cruéis, como se
tivessem sofrido uma injustiça.
8.
Usavam espantosos métodos de tortura para descobrir
comida: obstruíam a uretra dos desgraçados
com grãos de legumes e trespassavam-lhes o reto com varas pontiagudas.
Padeciam-se tormentos que espantam apenas por ouvi-los,
até confessar a posse de um único pedaço de pão e descobrir um só
punhado de farinha escondida.
9.
Mas os torturadores não passavam fome alguma - sua
crueldade seria menor se atendesse a uma
necessidade -, mas exercitavam seu louco orgulho e iam ajuntando provisões para
os dias vindouros.
10. Seguiam os que à noite se arrastavam até os
postos romanos para recolher legumes
silvestres e ervas. Quando estes pensavam que já haviam escapado dos inimigos, aqueles tiravam-lhes o que
levavam, e muitas vezes, se os infelizes suplicavam invocando pelo
terrível nome de Deus que lhes deixassem uma parte do que com tanto perigo tinham
trazido, não lhes deixavam nem isto, e ainda
podiam dar-se por satisfeitos se, além de serem despojados, não eram
assassinados."
11. A isto, depois de outras coisas, acrescenta:
"Com
o êxodo cortou-se para os judeus também toda esperança de salvação, e
a fome, abatendo-se sobre cada casa e cada família, ia devorando o povo. Os terrenos enchiam-se
de mulheres e de crianças de peito mortos, e as vielas de cadáveres de anciãos.
12. Rapazes e
jovens, inchados, vagavam pelas praças como espectros e caíam mortos onde a dor
os colhesse. Os doentes não tinham forças para enterrar seus parentes, e os que teriam podido negavam-se,
por serem tantos os mortos e pela
incerteza de seu próprio destino. De fato, muitos caíam mortos junto aos que tinham acabado de enterrar, e muitos iam
a sua tumba antes que a
necessidade o impusesse.
necessidade o impusesse.
13.Não havia lamentos
nem choro por estas calamidades: a fome afogava os sentimentos, e os que
lentamente morriam contemplavam com olhos secos os que morriam antes deles. Um silêncio profundo e uma noite
carregada de morte envolviam a cidade. E pior do que tudo isto eram os ladrões.
14.Penetravam nas casas
como ladrões de tumbas, despojavam os cadáveres e, depois de arrancar os
panos que cobriam os corpos, iam embora entre risadas. Testavam o fio de suas espadas nos
cadáveres e, provando o ferro, atravessavam
alguns, que já caídos, ainda viviam. Mas se alguém lhes pedia que utilizassem nele sua força e sua espada,
desdenhavam-no e abandonavam-no à fome. E todo o que expirava olhava
fixamente para o templo, porque deixava vivos atrás de si os rebeldes.
15.Estes, no começo, por não suportar o
fedor, mandavam enterrar os mortos às custas do tesouro público, mas logo, quando não davam mais
conta, atiravam-nos sobre as muralhas aos
barrancos. Quando Tito fez a ronda por aqueles
barrancos e viu que estavam repletos de cadáveres e o espesso líquido escuro que manava por debaixo dos cadáveres em
putrefação, pôs-se a gemer e
levantando as mãos tomava a Deus por testemunha de que aquilo não era obra
sua."
16.Depois de acrescentar mais algumas coisas,
continua dizendo:
"Eu não poderia
deixar de expressar o que o sentimento me ordena: creio que, se os romanos
tivessem demorado em sua ação contra os culpados, o abismo teria engolido a
cidade, ou as águas a teriam submergido, ou teria sido alcançada pelos
raios de Sodoma, pois a geração que continha era muito mais ímpia do que as que sofreram estes castigos. E pela demência
criminosa destas pessoas, o povo inteiro pereceu com elas."
17. E no livro VII
escreve o seguinte:
"Foi infinito o
número dos que pereceram na cidade por fome, e os padecimentos eram indizíveis.
Em cada casa havia guerra como se aparecesse em um canto uma sombra
de comida, e os que mais se queriam entre si pegavam-se aos tapas para tirar o
miserável sustento da vida. Nem sequer nos moribundos confiava a necessidade.
18.Os ladrões revistavam inclusive os que
estavam expirando, para que alguém não escondesse alimentos sob a roupa e fingisse estar morto.
Outros, com a boca aberta por efeito da
desnutrição, andavam cambaleando e desancados como cães raivosos e empurravam as portas como fazem os bêbados e,
em sua impotência, entravam nas mesmas casas duas ou três vezes em uma só
hora.
19.A necessidade fazia com que levassem tudo à
boca, e quando recolhiam alimentos até
indignos dos animais irracionais mais repugnantes, levavam-no para comer
escondido, a assim acabaram por não abster-se nem dos cintos e dos calçados,
tiravam as peles de seus escudos e as mastigavam. Para alguns até fiapos de ervas velhas eram alimento, outros recolhiam
fibras de plantas e vendiam uma porção mínima por quatro dracmas áticos.
20.E o que haveria para
dizer sobre a impudência das pessoas presas do desânimo? Porque vou
mostrar uma obra sua que não está narrada nem entre os gregos nem entre os bárbaros, espantosa de
dizer, incrível de escutar. Eu pelo menos,
para não dar a impressão de que estou inventando para a posteridade, de bom grado omitiria esta calamidade se não
tivesse uma infinidade de testemunhos contemporâneos meus. Além disso prestaria
pouco serviço a minha pátria se renunciasse a relatar os males que de
fato padeceram.
21.Uma mulher das que habitavam na outra
margem do Jordão, chamada Maria, filha de
Eleazar, da aldeia de Batezor - nome que significa "casa de hissôpo" - notável por suas riquezas e sua
linhagem, fugiu para Jerusalém com o resto da multidão e com esta
compartilhava o assédio.
22.Os tiranos tiraram-lhe todos os bens
que havia reunido e levado consigo à cidade desde Peréia. O resto de seu
enxoval e o pouco alimento que encontraram foi sendo roubado por pessoas
armadas que entravam a cada dia. Foi grande a indignação daquela pobre mulher, que muitas vezes
injuriava e maldizia os ladrões para excitá-los contra si mesma.
23.Mas como ninguém a matava, movidos pela
ira ou pela compaixão, e cansada de buscar alimentos para outros, que já
eram impossíveis de encontrar em parte alguma, com as entranhas e a medula
trespassadas pela fome, tomou como conselheiras a cólera e a necessidade e se lançou contra a natureza,
agarrou o filho que tinha - criança ainda de peito - e disse:
24.Criatura desgraçada! Em meio à guerra, à
fome e à revolta, para quem vou guardar-te? Entre os romanos, se por acaso
cairmos vivos em suas mãos, a escravidão; mas a fome se antecipa à própria
escravidão e os rebeldes são ainda piores do que ambas as coisas. Eia! Seja alimento
para mim, maldição para os rebeldes e
fábula para o mundo: a única coisa que faltava às calamidades dos judeus!
25.E enquanto dizia estas coisas, deu morte
a seu filho. Depois assou-o e comeu a metade; o resto guardou escondido. Em
seguida apareceram os rebeldes, e farejando a ímpia exalação, ameaçaram a mulher de degolá-la
imediatamente se não lhes mostrasse o que tinha preparado. Ela então lhes
disse que para eles guardara uma boa porção
e revelou o que restava de seu filho.
26.O horror e o pasmo surpreendeu-os na hora e ficaram cravados
no lugar diante daquele espetáculo. Mas ela disse: é meu próprio filho e eu o
fiz. Comei, pois também eu comi. Não sejais
mais brandos do que uma mulher nem
mais compassivos do que uma mãe. Mas se por escrúpulos piedosos recusais meu sacrifício, eu já comi por vós,
fique o resto também para mim.
27.Depois disto, aqueles foram-se
tremendo: foi a única vez em que se acovardaram e que, de malgrado, cederam à
mãe tal comida. Em seguida a cidade inteira encheu-se de horror, e todo o mundo estremeceu ao
ser-lhe apresentado frente aos olhos aquele crime como sendo seu próprio. 28.
E entre os esfomeados havia pressa para morrer e uma certa inveja pelos que haviam se adiantado morrendo antes de ouvir e
contemplar semelhantes horrores."
Esta
foi a recompensa dos judeus por sua iniqüidade e impiedade para com o Cristo de Deus.
[Sobre
as profecias de Cristo]
1.
É justo acrescentar a pregação infalível de nosso
Salvador pela qual mostrava estas mesmas coisas quando profetizava assim: Aí das que estiverem grávidas e
das que amamentarem naqueles dias! Orai para que a vossa fuga não se dê no inverno, nem no sábado; porque nesse tempo haverá
grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido,
nem haverá jamais[17].
2.
Somando o número total de mortos, o escritor diz que pela fome e pela espada pereceram um milhão e cem mil pessoas; que
os rebeldes e bandidos que ainda
sobraram foram se denunciando uns aos outros depois da tomada da cidade e foram executados; que os jovens mais
esbeltos e que sobressaíam por sua
beleza física foram reservados para a cerimônia do "triunfo", e do resto da população, os que passavam de dezessete
anos, uns eram enviados acorrentados aos trabalhos forçados no Egito, e
outros, mais numerosos, foram distribuídos pelas províncias para fazê-los
perecer nos teatros pela espada ou pelas feras; e os que ainda não tinham
chegado aos dezessete anos eram conduzidos
cativos para serem vendidos. Somente destes o número dava um total de
uns noventa mil[18].
3.
Estes acontecimentos ocorreram deste modo no segundo ano do império de Vespasiano[19],
segundo as predições de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, que, por
seu divino poder, havia visto de antemão estas mesmas coisas como se já estivessem presentes e havia chorado e soluçado,
segundo a Escritura dos sagrados evangelistas, que inclusive acrescentam
suas próprias palavras: umas, as que disse dirigindo-se à mesma Jerusalém:
4. Se tu conheceras ao menos neste dia o que
diz respeito a tua paz! Mas agora está
oculto aos teus olhos. Porque virão dias sobre ti, e teus inimigos te
rodearão de paliçadas, te cercarão e por todos os lados te apertarão. E te
assolarão a ti e a teus filhos[20].
5.
E outras como referindo-se ao povo: Porque haverá
grande necessidade sobre a terra e ira contra este povo. E cairão ao fio da espada e serão levados cativos a todas as nações. E Jerusalém
será pisoteada pelos gentios, até
que sejam cumpridos os tempos destes povos[21].
E
outra vez: E quando virdes Jerusalém cercada por exércitos, sabei então
que terá chegado sua desolação[22].
6.
Se alguém comparar as palavras de nosso Salvador com
os demais relatos do escritor acerca da guerra inteira, como não ficar admirado e confessar como verdadeiramente divinas e sobrenaturalmente
prodigiosas a presciência e a predição de nosso Salvador?
7.
Portanto, sobre o acontecido à nação inteira depois da paixão do Salvador e dos gritos com os quais a plebe judia pediu
para livrar da morte o ladrão e
assassino e suplicou que tirassem de seu meio o autor da vida, não haverá necessidade
de acrescentar nada à narrativa.
8.
Contudo, seria justo acrescentar o que poderia ser significativo sobre o
amor da divina providência aos homens, pois retardou a destruição dos culpados durante quarenta anos completos depois de
seu crime contra Cristo. Durante estes anos, numerosos apóstolos e
discípulos, e o próprio Tiago, primeiro
bispo dali e chamado irmão do Senhor, que ainda viviam e moravam na mesma cidade de Jerusalém, mantinham-se fiéis
ao lugar como fortíssima muralha.
9.
A providência divina até aquele momento mostrava sua
grande paciência, para o caso de que se
arrependessem de seu feito e alcançassem assim o perdão e a salvação; e como se tal longanimidade fosse pouco, deixava
ver sinais divinos extraordinários do
que lhes sucederia se não se arrependessem. Também estes sinais foram considerados notáveis pelo autor citado. Nada
melhor do que oferecê-los aos que lêem esta obra.
[Dos sinais que precederam
a guerra]
1. Toma pois, e lê o que
apresenta no livro VI de suas Histórias com estas palavras:
"Naquele tempo os
impostores e os que levantavam tais calúnias contra Deus pervertiam o povo
miserável, de forma que nem percebiam nem davam crédito a tais prodígios bem
claros que anunciavam de antemão a iminente desolação; antes, como se aturdidos
por um raio e como se não tivessem olhos nem alma, faziam ouvidos surdos às
mensagens de Deus.
2.
Estas foram: um astro que se deteve sobre a cidade,
semelhante a uma espada de
dois gumes, e um cometa que durou todo um ano. Outra vez foi quando, antes da insurreição
e dos distúrbios que levaram à guerra, estando o povo reunido para celebrar
a festa dos ázimos, no oitavo dia do mês de Jantico, à nona hora da noite,
brilhou sobre o altar e o templo uma luz tão grande que poder-se-ia pensar que
era dia, e isto durou uma meia hora. Aos ignorantes poderia parecer um
bom sinal, mas os escribas interpretaram-no corretamente antes que os fatos ocorressem.
3.
E na mesma festa, uma vaca que o sumo sacerdote conduzia ao sacrifício
pariu um cordeiro no meio do templo.
4.
E a porta oriental do interior, que era de bronze e
muito pesada, e que havia sido fechada ao anoitecer com dificuldade por vinte
homens que a trancaram solidamente
com ferrolhos presos com ferro, além de ter gonzos profundos, abriu-se sozinha à sexta hora da noite.
5.
E passada a festa, não muito depois, no vigésimo
primeiro dia de Artemisio, apareceu um fantasma demoníaco de tamanho incrível.
E o que se passará a dizer poderia parecer
mentira se não tivesse sido contado pelos mesmos que o viram e se os sofrimentos que se seguiram não fossem dignos
destes sinais. De fato, antes do
pôr-do-sol, apareceram pelo ar em redor de toda a região carros e
falanges armadas que se lançavam através das nuvens e rodeavam as cidades.
6. E na festa chamada
Pentecostes, à noite, entrando os sacerdotes no templo, como de costume, para exercer suas funções,
dizem que primeiramente perceberam movimento e ruído de golpes, e logo um grito
em uníssono: Saiamos daqui!
7.
E o que é mais terrível: um homem chamado Jesus, filho
de Ananías, homem simples, camponês,
quatro anos antes da guerra, quando a cidade desfrutava da maior paz e do
máximo esplendor, veio à festa, pois era costume que todos erigissem tendas em honra a Deus[23],
e de repente começou a gritar pelo
templo: Voz do oriente! Voz do ocidente! Voz dos quatro ventos! Voz sobre Jerusalém e sobre o templo! Voz dos
recém-casados e casadas! Voz sobre todo o povo! Dia e noite gritava isto
por todas as vielas.
8. Mas alguns cidadãos notáveis, irritados
pelo mau agouro, prenderam o homem e
maltrataram-no, enchendo-o de feridas. Mas ele, que não falava em proveito próprio nem por conta própria,
continuava gritando aos presentes o mesmo que antes.
9. Pensando então os chefes que a agitação
daquele homem era algo demoníaco, conduziram-no ante o procurador romano[24].
Ali, dilacerado com açoites até os ossos, não suplicou nem derramou uma
lágrima, mas, tornando sua voz tão chorosa quanto possível, a cada ferida
respondia: Ai, ai de Jerusalém!"
10.Comenta o mesmo Josefo outro fato mais
extraordinário. Diz que nas escrituras sagradas encontrou-se um oráculo com
este conteúdo: que naquele tempo alguém saído de seu país regeria o mundo. O
próprio Josefo concluiu que o oráculo tinha sido cumprido em Vespasiano[25].
11.Mas este não governou a todo o mundo, mas
somente à parte submetida aos romanos. Seria pois mais justo referi-lo a
Cristo, a quem o Pai havia dito: Pede-me e te darei nações como herança e os
confins da terra como tua possessão[26].
Pois bem, por este mesmo tempo chegara a toda a terra a voz dos
santos apóstolos e aos confins do mundo suas palavras[27].
A ABOMINAÇÃO
Esta palavra também é
empregada nas Escrituras Sagradas com referência à idolatria e aos ídolos, não
apenas porque a adoração de ídolos é em si uma coisa abominável, mas igualmente
porque as cerimônias dos idólatras eram quase sempre de natureza infame e
licenciosa.
Por esta razão,
Crisóstomo afirma que todo ídolo, e toda imagem de um homem, era chamada
abominação entre os judeus.
Alguns intérpretes
supõem que a “abominação da desolação” predita pelo profeta Daniel 9.27, 11.31,
denota a estátua de Júpiter Olímpio, que Antíoco Epifânio mandou construir no
templo de Jerusalém. A segunda passagem citada acima pode provavelmente
referir-se a esta circunstância, visto que a estátua de Júpiter, de fato,
“desolava,” ao banir a verdadeira adoração de Deus, e aqueles que a praticavam,
do templo.
Mas a primeira
passagem, considerada em todo seu contexto, tem relação mais imediata com
aquilo que os evangelistas denominaram a “abominação da desolação,” Mt 24.15,
16; Mc 13.14. Isto, sem dúvida, significa as bandeiras dos exércitos romanos
sob o comando de Tito, durante o último cerco de Jerusalém. As imagens de seus
deuses e imperadores eram esboçadas nestas bandeiras, e as próprias bandeiras,
especialmente as insígnias, que eram carregadas à frente dos regimentos, eram
objetos de adoração, e, de acordo com o uso comum da Escritura, elas eram
portanto uma abominação. Essas bandeiras foram colocadas sob as ruínas
do templo depois que
ele foi tomado e demolido, e, como Josefo nos informa, os romanos sacrificaram
a elas lá. O horror com que os judeus as consideravam, suficientemente aparece
do relato que Josefo dá de Pilatos introduzindo-as na cidade, quando ele enviou
seu exército de Cesaréia às bases de inverno em Jerusalém, e de Vitélio
propondo marchar pela Judéia, depois de ter recebido ordens de Tibério para
atacar Aretas, rei de Petra. O povo suplicava, protestava e induzia tanto
Pilatos a retirar o exército quanto Vitélio a pôr em marcha suas tropas para
outro caminho.
Os judeus aplicaram a
passagem de Daniel acima aos romanos, como nos informa Jerônimo. O erudito Sr.
Mede é da mesma opinião. Sir Isaac Newton, Obs. sobre Daniel 11:12, observa que
no décimo sexto ano do imperador Adriano, 132 a.C., os romanos cumpriram a
predição de Daniel ao construir um templo a Júpiter Capitolino onde o templo de
Deus em Jerusalém estava localizado. Nesta ocasião, os judeus, sob a direção de
Bar Cochba, pegaram em armas contra os romanos, e na guerra tiveram cinquenta
cidades demolidas, novecentas e oitenta e cinco de suas melhores vilas
destruídas, e quinhentos e oitenta mil homens mortos à espada, e no final da
guerra, 136 a.C., eles foram banidos da Judéia sob pena de morte, e desde então
a terra permaneceu desolada de seus antigos habitantes.
o melhor site sobre historia e biblia que eu já li. parabéns
ResponderExcluirDeus te abençoe irmão !
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