Ao procurar submeter-se ao que dizem as Escrituras, é importante entender que na Bíblia a autoridade é expressa de várias maneiras.
1. Uma pessoa age como quem tem autoridade, e a passagem
explica se o ato é aprovado ou reprovado.
O rei Davi queria construir um templo para Deus; assim Natã
lhe disse: “Vai, faze tudo quanto está no teu coração; porque o Senhor é
contigo” (2 Sm. 7:3). Natã falou em tom de autoridade a Davi o que este devia
fazer, mas lemos que esse conselho foi errado e que Deus não queria que Davi
edificasse o templo (v. 4-17).
2. Uma pessoa age com atitude de autoridade e a passagem não
mostra aprovação nem reprovação.
Neste caso, a ação precisa ser julgada com base naquilo que
o restante da Bíblia ensina sobre o assunto.
Por exemplo, Abraão e Sara vão para o Egito por causa da
fome em Canaã (Gn. 12:10-20). Temeroso de que o faraó pudesse matá-lo para
apossar-se da bela Sara, Abraão disse á sua esposa: “Dize, pois, que és minha
irmã, para que me considerem por amor de ti e, por tua causa, me conservem a
vida”. Foi uma atitude covarde de Abraão? A passagem não o diz. Você fica
entregue, para a sua conclusão, á sua compreensão daquilo que o restante da
Escritura tem para dizer sobre o assunto.
Omissão – citar só a parte que lhe convém e deixar de lado o
restante. Há dois tipos de morte na Bíblia, física e espiritual. Morte física é
separar-se a alma do corpo. Morte espiritual é separar-se a alma de Deus.
Quando Deus disse a Adão: “Certamente morrerás” (Gn. 2:17), estava se referindo
á morte física e á morte espiritual. Quando a serpente disse a Eva: “È certo
que não morrereis” (3:4), estava omitindo de propósito o fato da morte
espiritual.
Acréscimo – dizer mais do que a Bíblia diz. Em sua
conversação com Satanás, Eva cita o que Deus falou a seu marido. Mas á Palavra
de Deus acrescenta a frase: “Nem tocareis nele” (Gn. 3:3). Você pode torcer a
Escritura fazendo-a dizer mais do que de fato diz.
Geralmente o motivo é o desejo de tornar irracional a ordem
de Deus e assim indigna de ser obedecida.
Quando você estudar a Bíblia, deixe-a falar por si mesma.
Não lhe acrescente nem lhe subtraia nada. Deixe que a Bíblia seja o seu próprio
comentário. Ao estudar-se um capítulo ou um parágrafo, o contexto é o primeiro
lugar em que você procurará a interpretação. As referências são úteis, mas você
deve tentar estabelecer a referência do pensamento do versículo, e não de uma
palavra ou frase apenas.
A Bíblia interpretará a si mesma, se for estudada
apropriadamente.
As suas experiências pessoais—sejam quais forem—devem ser
conduzidas ás Escrituras e interpretadas. Nunca o caminho inverso. “Porque tive
esta experiência, o que se segue tem de ser verdade”, não é sadio procedimento
na interpretação da Bíblia.
A experiência pessoal é parte importante da vida cristã, mas
você deve ter o cuidado de mantê-la em seu lugar próprio. Conquanto você
aprenda da experiência, não julgará a Bíblia sobre aquela base.
As Escrituras se fundem lindamente com as experiências da
vida. Quanto mais tempo você passar estudando a Bíblia, mais esta verdade se
imprimirá em sua vida.
É precisamente por esta razão que você deve ter cuidado para
não inverter esta regra. Permita que a Palavra de Deus interprete e amolde as
suas experiências, em vez de você interpretar a Escritura a partir das suas
experiências.
Quando estudarmos a Bíblia, deveremos fazê-lo com cuidado
para não restringirmos esta liberdade, quer para nós, quer para os outros. Para
citar os grandes teólogos puritanos do passado: “A Bíblia é a nossa única regra
de fé e prática”.
Quando o Espírito Santo superintendeu o registro da
Escritura, sua intenção foi que nós, que lemos as Escrituras, aprendamos e
apliquemos o que elas nos ensinam. A própria Escritura afirma que esse é o
propósito por ela visado.
Todas as partes da Bíblia são aplicáveis a você, todavia, a
interpretação correta é essencial, antes de procurar fazer aplicação. Falhar
nisso pode levar a mal-entendido e desgosto desnecessários. Tenha o cuidado de
interpretar corretamente a passagem; depois, devotamente faça a aplicação.
Cada cristão tem o direito e a responsabilidade de
investigar e interpretar pessoalmente a Palavra de Deus.
Este princípio foi um dos abrangentes fundamentos da Reforma
Protestante do século dezesseis. Por centenas de anos o povo dependera de que a
igreja fizesse o estudo e a interpretação das Escrituras para ele. Não havia
traduções da Bíblia na língua do povo. Quando se faziam tentativas para
produzir essas traduções, a igreja as supria á força. Hoje existem múltiplas
traduções e paráfrases ao alcance de todos, tornando fácil o acesso á Bíblia
para quem quer que saiba ler.
O processo de cavar fundo na escritura e chegar á sua
conclusão pessoal é o que transforma simples crenças em convicções solidamente
firmadas. Envolver-se nesse processo é, não só seu direito como filho de Deus,
mas também sua solene responsabilidade.
A igreja não determina o que a Bíblia ensina; a Bíblia
determina o que a igreja ensina.
As interpretações da igreja têm autoridade somente na medida
em que estejam em harmonia com os ensinamentos da Bíblia como um todo.
O propósito primário da Bíblia é mudar as nossas vidas, não
aumentar o nosso conhecimento. Exatamente como é essencial que você interprete
apropriadamente a passagem antes de aplicá-la.
Shalon!!!
Shalon!!!
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