ISRAEL, A NAÇÃO ABENÇOADA, MAS NÃO SALVA.
(Romanos 9:1-5)
INTRODUÇÃO:
O tema geral do Livro de Romanos é a revelação da justiça de Deus (Romanos 1:17). Ali, os homens, tanto os judeus como os gentios, permanecem necessitados da justiça divina. Todos são moralmente culpados diante do justo Deus Criador do universo, estando todos sob a penalidade, o poder e os efeitos do pecado (Romanos 3:9-19). Todos manifestam sua escravidão ao pecado pela rejeição à verdade por Deus revelada - no mundo por Ele criado, na Sua imagem impressa no homem e nas Escrituras Sagradas. (Romanos 1:18-3:20).
Ninguém entre os homens - judeus ou gentios - pode fazer coisa alguma para merecer a justiça de Deus. Em vez disso, todos devem admitir a sua culpa moral e o seu estado condenado diante de Deus. Quando acontece esta confissão, o pecador fica em posição de escutar as boas novas da salvação - o evangelho pelo qual Cristo satisfez as justas exigências divinas pelo pecado, através da morte redentora na cruz, e de Sua ressurreição dos mortos (Romanos 1:16; 3:21-31). Qualquer homem/mulher, quer seja judeu ou gentio, pode receber a justificação de Deus através da fé em Jesus Cristo. Após ter recebido essa justificação, o pecador pode ser declarado justo por Deus (Romanos 3:21-5:21).
Nos primeiros oito capítulos de Romanos, o apóstolo judeu - Paulo - argumenta que nós, pecadores crentes, podemos confiar em Deus, através de Jesus Cristo, para o livramento da penalidade do pecado (justificação); para a vitória sobre o poder do pecado e da nossa tendência pecaminosa (santificação); e para a libertação definitiva dos efeitos do pecado, demonstrados em nossos corpos corruptíveis (glorificação).
Nas páginas seguintes (Romanos 9-11), Paulo relaciona o programa redentor de Deus para os crentes, com as promessas da aliança feita com a nação de Israel. O item principal desta questão é: como podemos nós, os crentes, confiar que Deus vai completar o Seu plano redentor para nós, quando Ele ainda não completou o Seu programa da aliança com Israel? Será que Israel perdeu o direito ao futuro que Deus lhe prometeu?
“Os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento” (Romanos 11:29). Nenhum crente verdadeiro poderá perder o dom divino da salvação e da justificação recebido através da fé em Jesus Cristo. ““38 Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, 39 Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor. ” (Rm 8:38-39 ACF) ” (Romanos 8:38-39). Do mesmo modo, Deus completará toda a promessa incondicional feita ao verdadeiro Israel, porque os judeus “são amados por causa dos pais” (Romanos 11:28); a segurança eterna dos crentes está inseparavelmente ligada à garantia do futuro de Israel. Negar umaverdade é negar a outra e confirmar uma verdade é confirmar a outra.
Parte 1 - ISRAEL É ABENÇOADA, MAS NÃO É SALVA - Romanos 9:1-5).
Preocupação com a salvação de Israel - (Romanos 9:1-3) - Paulo era um israelita (Romanos 11:1; Filipenses 3:5). Ele amava o seu povo - Israel. Ele também carregava uma pesada carga emocional e espiritual pela nação. Ele compartilhou esta preocupação, conforme Romanos 9:2-3: “Que tenho grande tristeza e contínua dor no meu coração. Porque eu mesmo poderia desejar ser anátema de Cristo, por amor de meus irmãos, que são meus parentes segundo a carne”.
Antes de colocar sua confiança em Jesus Cristo, Paulo imaginava estar numa verdadeira relação com Deus, embora estivesse enganado. Mas, pela graça de Deus, ele foi convencido da sua incredulidade e experimentou a conversão espiritual. Ele sabia que a grande maioria do povo judeu era igual a ele, antes do seu genuíno nascimento na família de Deus. Ele sabia que o povo judeu estava tentando satisfazer a justiça de Deus, através dos seus próprios esforços de justificação. O povo judeu era zeloso, porém sem entendimento (Romanos 10:2-3). Desse modo, Paulo orava para que Israel fosse salvo. (Romanos 10:1). Ele até afirmou que desejaria passar a eternidade no inferno, se a perda de sua salvação pudesse resultar na salvação de Israel. Seu desejo era sincero, embora hipotético. Nenhum crente pode perder a sua justificação diante de Deus. E nenhum crente, bem como nenhuma nação, pode receber a condenação em lugar de outra pessoa ou de uma nação inteira. Contudo, com esta revelação, Paulo comprovou o grande amor pelo seu povo.
Para afirmar a autenticidade de sua afirmação, Paulo fez três exclamações a respeito da sua sinceridade: 1) “Digo em Cristo a verdade”; 2) não minto; 3) “dando-me testemunho a minha sinceridade no Espírito Santo” (Romanos 9:1). Ele sabia que os seus leitores teriam dificuldade em aceitar a sua enorme preocupação por Israel. Por isso, ele usou a melhor linguagem possível, a fim de garantir que os seus companheiros íntimos estavam totalmente livres de engano e falsidade.
Os privilégios de Israel - (Romanos 9:4-5) - Israel é uma nação separada. Deus lhe concedeu privilégiosespeciais. Paulo apresenta uma lista de nove dessas vantagens:
Primeiro - As pessoas são conhecidas como israelitas - (Romanos 9:4). Elas recebem esse nome dos três patriarcas, inclusive de Jacó. Deus mudou o nome de Jacó para Israel (Gênesis 32:28). Assim, este nome foi dado divinamente. Os nomes dos doze filhos de Jacó foram dados às doze tribos de Israel.
Segundo - Israel recebeu a adoção de filho - (Romanos 9:4). Deus disse a Moisés que ele voltasse ao Egito para dizer ao Faraó: “Assim diz o SENHOR: Israel é meu filho, meu primogênito” (Êxodo 4:22). “Adoção” é um termo legal. Deus colocou Israel legalmente no privilégio da aliança da filiação. Como filho primogênito legal, entre as nações da Terra, Israel deveria servir como a nação teocrática, através da qual Deus iria demonstrar o Seu domínio soberano sobre todas as nações da Terra.
Terceiro - Israel teve a glória - (Romanos 9:4) - Este termo se refere à manifesta presença de Deus. Ele manifestou Sua presença local em Israel, através da coluna de nuvens, durante o dia; e de fogo, durante a noite, (Êxodo 13:21-22; 16:10), quando de sua peregrinação pelo deserto. Mais tarde, o Senhor encheu o templo de Salomão com a Sua glória (1 Reis 8:11).
Quarto - Deus fez alianças incondicionais com Israel - (Romanos 9:4). Ele disse a Abraão: “E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gênesis 12:2-3). A aliança abraâmica foi mais tarde reiterada (Gênesis 13:14-17; 15:18-21; 17:1-8). Ele deu, especificamente aos descendentes de Jacó a nação de Israel, como eterna propriedade entre o rio Eufrates e o rio do Egito. Deus também deu à nação a aliança palestina (Deuteronômio 30:1-10), a aliança davídica (2 Samuel 7:4-17) e a nova aliança (Jeremias 31:31-37; Ezequiel 36:22-32). [N. T - Por isso, os palestinos vão se dar muito mal, reivindicando a terra que não lhes pertence].
Quinto - Deus deu a Lei a Israel - (Romanos 9:4) - No Sinai, Deus entregou as regras de vida, que davam a Israel o governo moral, civil e religioso da nação. (Êxodo 19:1-20; 6; Deuteronômio 5:1-33).
Sexto - Israel recebeu o privilégio do culto religioso feito a Deus - (Romanos 9:4). O complexo sistema de ofertas de animais, de aves, de grãos, de bebidas e os sacrifícios só podia ser conduzido pelo sumo sacerdote, pelos sacerdotes e pelos levitas, através da ordem divina, dada em tempos e locais predeterminados.
Sétimo - Deus deu a Israel a promessa do Messias vindouro, o Redentor. (Romanos 9:4). O Redentor deveria ser humano (Gênesis 3:15), descendente de Abraão (Gênesis 12:1-3), da tribo de Judá (Gênesis 49:10); o mais proeminente filho de Davi (2 Samuel 7:4-17) e ser divino (Salmo 110:1).
Oitavo - Deus se identificou, constantemente, como o Deus de Abraão, Isaque e Jacó - (Romanos 9:5; Êxodo 3:6). - Estes pais, conhecidos, como os patriarcas, estabeleceram a aliança da relação de Deus, o Pai celeste, com o povo de Israel.
Nono - Deus usou Israel para enviar o Salvador, tanto da nação como de todas as famílias da Terra. (Romanos 9:5). O Redentor é Jesus Cristo, o Deus manifestado em carne. Paulo escreveu: “Dos quais são os pais, e dos quais é Cristo segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém”. Jesus Cristo é o prometido filho de Davi, filho de Abraão (Mateus 1:1). O Messias deveria ser divino e humano. Uma pessoa com as duas naturezas - a divina e a humana. Israel foi privilegiada como a nação, através da qual Deus iria prover a ancestralidade do Messias humano. Apesar deste privilégio, Israel precisaria ser salva. Todas as pessoas precisam receber a justificação de Deus, a qual vem exclusivamente através da fé no Deus Salvador, Jesus Cristo (Gênesis 15:6; Habacuque 2:4).
Parte 2 - ISRAEL, ELEITA OU NÃO ELEITA (Romanos 9:6-13).
Será que Deus sempre cumpre a Sua Palavra? Nesse caso, por que Israel não tem experimentado a realidade das promessas da Aliança, que Deus fez com ela? Por que Israel continua no estado da incredulidade?
Dois princípios fundamentais (Romanos 9:6).
Primeiro, Deus sempre cumpre a Sua Palavra - (Romanos 9:6ª). Nenhuma de suas promessas tem falhado. Deus é tão Onisciente como Onipotente. Deus é Soberano. Ninguém pode frustrar os Seus planos! Ele mesmo disse a Seu respeito: “Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade; que eu sou Deus, e não há outro Deus, não há outro semelhante a mim. Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade”. Tendo acrescentado: “Que chamo a ave de rapina desde o oriente, e de uma terra remota o homem do meu conselho; porque assim o disse, e assim o farei vir; eu o formei, e também o farei”, (Isaías 46:11)
Quando analisamos a história e a profecia, jamais devemos concluir que Deus cometa erros. Deus vai cumprir cada promessa incondicional que Ele fez a Israel e à Igreja.
Segundo, Nem todos os descendentes físicos de Abraão, Isaque e Jacó constituem o verdadeiro Israel -(Romanos 9:6-b). Paulo escreveu: “Não que a palavra de Deus haja faltado, porque nem todos os que são de Israel são israelitas”. (Romanos 9:6). A frase “os que são de Israel” se refere às pessoas que podem traçar a sua ancestralidade familiar aos patriarcas da nação. Mera identificação étnica não é base suficiente para receber as promessas da aliança que foram dadas a Abraão.
Antes, na mesma epístola, Paulo escreveu: “Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é exteriormente na carne. Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não na letra; cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus. ” (Romanos 2:28-29).
Cristo afirmou que os seus críticos eram descendentes de Abraão, mas negou que eles fossem filhos verdadeiros de Abraão (João 8:37-39). De fato, Ele declarou que o pai deles era o Diabo (verso 44). Estas declarações feitas por Paulo e Cristo concordam com a história de Israel. Se os reis maus e idólatras de Israel fossem reconhecidos como o verdadeiro Israel, quem receberia as bênçãos, tanto espirituais como materiais, da promessa da aliança? Certamente ninguém! Na era do Antigo Testamento, havia uma enorme diferença entre o judeu verdadeiramente crente e o judeu apóstata, idólatra e incrédulo.
Duas ilustrações chaves - (Romanos 9:7-13).
Primeira, Ismael e Isaque - (Romanos 9:7-9, conforme Gênesis 1:16-16).
“Nem por serem descendência de Abraão são todos filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência. Isto é, não são os filhos da carne que são filhos de Deus, mas os filhos da promessa são contados como descendência. Porque a palavra da promessa é esta: Por este tempo virei, e Sara terá um filho”. (Romanos 9:7-9).
Então, Paulo observou: por isso, Deus determinou que o legítimo herdeiro da promessa da aliança com Abraão fosse Isaque, nascido de Sara, a esposa legítima.
Ismael tinha ligação genética e étnica com Abraão, mas este fato não o estabeleceu como herdeiro ou um dos herdeiros. Ela era um filho da carne, um produto resultante da fé de Abraão com a boa vontade humana de Sara e a submissão de Agar. Espiritualmente falando, Ismael nasceu da fé mais obras.
Paulo usou a narrativa histórica do nascimento de Ismael e Isaque para formar uma alegoria espiritual (Gálatas 4:19-31). Sua conclusão foi que é impossível nascer de duas mães, ao mesmo tempo. Sara representa a promessa recebida pela fé na provisão e poder de Deus, enquanto Agar representa as obras feitas, por uma conformação legalista à Lei de Moisés.
As Escrituras ensinam que recebemos a justiça de Deus pela fé, sem o concurso da ancestralidade ou da obediência legalista. Abraão assim fez. Ele creu no Senhor e sua fé lhe foi atribuída como justiça. (Gênesis 15:6). Antes nesta epístola, Paulo escreveu: “Porque a promessa de que havia de ser herdeiro do mundo não foi feita pela lei a Abraão, ou à sua posteridade, mas pela justiça da fé”. (Romanos 4:13). Isaque foi o filho da promessa recebida pela fé somente, através da própria mãe, ou seja, de Sara. Enquanto isso, Ismael era filho da carne. Ambos os filhos eram fisicamente relacionados com Abraão, mas somente Isaque recebeu a bênção da aliança.
Segunda, Esaú ou Jacó (Romanos 9:10-13) - Isaque e Rebeca tiveram filhos gêmeos, sendo Esaú o mais velho e Jacó o mais novo. Mesmo assim, Deus escolheu Jacó para ser o herdeiro da promessa com Abraão e Isaque.
Paulo escreveu: “E não somente esta, mas também Rebeca, quando concebeu de um, de Isaque, nosso pai; porque, não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal (para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama, foi-lhe dito a ela: O maior servirá o menor. Amei a Jacó, e odiei a Esaú”. (Romanos 9:10-13). Deus escolheu conforme Sua vontade seletiva e soberana e o fez, antes que os garotos tivessem nascido.
Conclusão:
A Palavra de Deus não falha. As promessas que Ele fez na aliança são sempre cumpridas com os que Ele escolheu. As promessas da Aliança foram dadas ao Israel eleito, ou aos israelitas, que Ele escolheu para serem salvos. Os eleitos são conhecidos porque são os que creem nas promessas de Deus. Estes recebem a justificação pela fé, exatamente como Abrão recebeu.
Israel não eleito é o que traça a sua ancestralidade genética a Abraão; mas, como Esaú e Ismael, este Israel não é filho da promessa, nem foi por Deus escolhido para receber a promessa. Estes manifestam sua falta de fé pela perseguição aos herdeiros divinamente escolhidos.
PARTE 3 - DURAS PERGUNTAS E RESPOSTAS DIFÍCEIS
“Que diremos pois? Que há injustiça da parte de Deus? De maneira nenhuma. Pois diz a Moisés: Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia. Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece. Porque diz a Escritura a Faraó: Para isto mesmo te levantei; para em ti mostrar o meu poder, e para que o meu nome seja anunciado em toda a terra. Logo, pois, compadece-se de quem quer, e endurece a quem quer. Dir-me-ás então: Por que se queixa ele ainda? Porquanto, quem tem resistido à sua vontade? Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus réplicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra? E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição; para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou, Os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios? ” (Romanos 9:14-24).
Deus selecionou Isaque em vez de Ismael (Romanos 9:7-9). Deus escolheu Jacó em vez de Esaú (Romanos 9:10-13). Deus fez aliança com Abrão para ser o pai da nação de ISRAEL (Romanos 9:4-5). A verdade histórica e a teologia têm demonstrado que Deus, pelo Seu propósito soberano, escolheu alguns para salvação e outros para a perdição. [N.T. - Os escolhidos são conhecidos porque são os que creem nas promessas escritas em Sua Palavra ]. Em antecipação à objeção contra esta ação divina, Paulo faz duas perguntas retóricas:
Deus é injusto? (Romanos 9:14-18). E sua resposta é clara, conforme Romanos 3:25-26: “Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu [de Cristo] sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus. ”
Se Cristo não tivesse morrido, Deus, em Sua justiça, teria condenado todos os homens, porque todos “estão debaixo do pecado” (Romanos 3:9) e “O salário do pecado é a morte” (Romanos 6:23). Em vez disso, o propósito de Deus manifesta a Sua misericórdia. Paulo cita a declaração que Deus fez a Moisés, em Romanos 9:15, conforme Êxodo 33:19): “Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece”. E argumenta: “Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus réplicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? ” (Romanos 9:20).
Deus não é obrigado a mostrar misericórdia em relação a pessoa alguma. Também o desejo humano não pode mover Deus a realizar coisa alguma que não seja para a Sua honra e glória. Deus sempre AGE. Ele nunca REAGE. Paulo cita uma declaração feita por Deus ao Faraó do Egito: “Mas, deveras, para isto te mantive, para mostrar meu poder em ti, e para que o meu nome seja anunciado em toda a terra”. (Êxodo 9:16).
Deus escolheu um grande pecador, numa raça decaída, numa nação idólatra, tendo elevado esse homem à mais alta posição no Egito, a fim de que ele tivesse a oportunidade de “anunciar o Seu nome em toda a terra” e de abençoar a escolhida nação de Israel. Mas ele recusou-se a fazê-lo. Deus conhecia de antemão a sua rejeição, e lhe indagou, através de Moisés: “Tu ainda te exaltas contra o meu povo, para não o deixar ir? ” (Êxodo 9:17). E, em seguida, enviou as dez pragas, sobre o Egito, a fim de mostrar o Seu poder, libertando Israel do cativeiro e fazendo com que todas as nações da Terra soubessem que Ele é o Deus de Israel, o único verdadeiro Deus do universo. (Josué 2:8-14).
Paulo argumenta ainda: “E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição. Para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou, Os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios? ” - (Romanos 9:22-24).
Todos os homens não salvos, os vasos da ira, são preparados para a destruição, a necessária consequência do pecado, conforme Romanos 6:234. Deus jamais predestinaria uma pessoa moralmente neutra à condenação. Mas determina que os pecadores paguem pelos seus pecados, pela rejeição à verdade divina e, conforme Romanos 3:2, “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. Deus permite a rebelião dos pecadores, mas é justo, castigando-os pela sua rebelião.
Todos os homens, quer sejam judeus ou gentios, merecem a ira divina. Mas, os homens salvos são os vasos de misericórdia, que irão compartilhar a eterna glória com Cristo. Ele os salva pela Sua misericórdia, através da justificação pela fé em Jesus Cristo. Deus é o Salvador de todos os homens que creem, mas também é o Juiz de todos os que O rejeitam.
PARTE 4 - ISRAEL - A NAÇÃO OU O REMANESCENTE? (Romanos 9:25-33).
Nesta seção [da Bíblia], Paulo demonstra que somente o remanescente (os crentes dentro da nação de Israel) é que forma o verdadeiro povo da Aliança. A base de sua aceitação espiritual, nesta dispensação, é a mesma dos crentes gentios. Desse modo, a família de Deus nesta dispensação é constituída de crentes judeus e gentios, os quais, juntos, formam um corpo, a verdadeira Igreja (Efésios 2:11-22). Tanto os crentes judeus como os gentios são os “vasos de misericórdia, que para a glória já dantes preparou”. (Romanos 9:23).
PREDIÇÃO DO REMANESCENTE (Romanos 9:25-29).
Paulo selecionou três porções da profecia do Antigo Testamento, a fim de mostrar que “nem todos os que são de Isael são israelitas” (Romanos 9:6). A primeira passagem ele captou de Oséias e as duas passagens seguintes, de Isaías. Oséias ministrou no tempo do reino dividido, durante os reinados de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá, e durante o reinado de Jeroboão, rei de Israel. Deus ordenou que Oséias casasse com Gomer (uma prostituta), a fim de que este casamento simbolizasse o adultério espiritual da sua terra (Oséias 1:23). Desta união nasceram três filhos: Jezreel, Lo Ruama e Lo-Ami. O significado dos nomes dos dois filhos e da filha subentendiam a relação de Deus com Israel: Jezreel significava “farei cessar o reino de Israel”; Lo-Ruama significava “não mais me compadecerei da casa de Israel” e Lo-Ami significava “vós não sois meu povo”, ou seja, que Deus não mais teria misericórdia do Seu povo e “não mais seria o seu Deus”. (Oséias 1:9). Estas profecias foram cumpridas quando o os assírios conquistaram o reino do norte de Israel, em 722, tendo dispersado muitos dos seus habitantes.
Paulo usou este pano de fundo histórico para mostrar a verdade espiritual de que Deus iria dispersar o Seu povo entre os que não eram o Seu povo. Esta realidade poderia ser aplicada ao remanescente de Israel e, de maneira mais ampla aos judeus e aos gentios. Ambos os grupos eram não salvos. Mas, através da graça divina da fé e do arrependimento, ambos se tornaram o Seu povo. Vejamos a citação de Romanos 9:25-26 (conforme Oséias 2:20:23): “... Como também diz em Oséias: Chamarei meu povo ao que não era meu povo; E amada à que não era amada. E sucederá que no lugar em que lhes foi dito: Vós não sois meu povo; Aí serão chamados filhos do Deus vivo”.
Enquanto Oséias ministrava ao reino do norte, Isaías declarava suas mensagens, principalmente, ao reino do sul de Israel (Isaías 1:1). Assim, ele descreveu a nação: “Ai, nação pecadora, povo carregado de iniquidade, descendência de malfeitores, filhos corruptores; deixaram ao SENHOR, blasfemaram o Santo de Israel, voltaram para trás” (Isaías 1:4). Mais tarde, Deus julgou o Seu povo, quando permitiu que os babilônios destruíssem o reino do sul, em 586 a.C. E, ao mesmo tempo em que predizia esses julgamentos, Isaías declarou sua mensagem de esperança (Ver Romanos 9:27-28, conforme Isaías 10:22-23). O contraste é feito entre a “areia do mar” (o grande número de judeus raciais) e o remanescente (o pequeno número de judeus crentes), os quais experimentaram a justiça de Deus em Cristo Jesus.
Depois, Paulo louva a graciosa preservação de Israel por Deus, em Romanos 9:27-28, conforme Isaías 1:9: “Também Isaías clama acerca de Israel: Ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo. Porque ele completará a obra e abreviá-la-á em justiça; porque o Senhor fará breve a obra sobre a terra”.
Mesmo assim, Deus não julgou as cidades de Judá do mesmo modo como julgou as duas cidades malignas da planície do Jordão, onde nenhuma alma sobreviveu. Quanto ao Seu povo, em Sua soberana misericórdia, Ele preservou uma descendência, através da sobrevivência física, com a vocação divina de um remanescente crente em Israel.
Em Romanos 11:5, Paulo argumenta: “Assim, pois, também agora neste tempo ficou um remanescente, segundo a eleição da graça”.
BASE PARA O REMANESCENTE (Romanos 9:30-33).
A proposta de Deus é a mesma, tanto para os judeus como para os gentios. A maneira de garantir uma posição de justiça diante do Deus Santo tem sido a mesma para Israel e todas as nações do mundo. É o procedimento seguido por Abraão, o qual creu e recebeu a justiça de Deus. Abraão sabia que nada poderia fazer para ser justificado diante de Deus. Por isso, reconhecendo ser um pecador sem mérito algum, ele colocou sua confiança em Yaveh, o único que poderia perdoá-lo e salvá-lo. Sua justificação veio antes de Moisés ter recebido a Lei.
Nesta [atual] dispensação, tanto os gentios como o remanescente de Israel têm se achegado a Deus, na mesma base da fé incondicional em Cristo, sem o concurso do esforço humano. (Romanos 9:30). Agora o contraste é entre os judeus incrédulos e os gentios crentes. Na atual contingência, mais gentios do que judeus são salvos, ao contrário do que acontecia no tempo decorrido entre Abraão e Jesus Cristo. Por que esta diferença? Por dois motivos:
Primeiro, os gentios têm recebido a justiça de Deus pela fé, numa total dependência da graciosa provisão divina: “Que diremos pois? Que os gentios, que não buscavam a justiça, alcançaram a justiça? Sim, mas a justiça que é pela fé. Mas Israel, que buscava a lei da justiça, não chegou à lei da justiça. Por quê? Porque não foi pela fé, mas como que pelas obras da lei; tropeçaram na pedra de tropeço” (Romanos 9:30-32). Como vemos, Israel buscou a justiça através da Lei de Moisés, confiando em sua própria capacidade de consegui-la. Deus não deu a Lei de Moisés para que os homens fossem salvos, mas que reconhecessem a sua pecaminosidade e impotência de se salvarem pelo próprio esforço. (Paulo afirma isto em Gálatas 3:24).
Segundo, Israel tropeçou na provisão do Messias divino-humano, o único que poderia salvar a nação. Paulo explica: “... Porque não foi pela fé, mas como que pelas obras da lei; tropeçaram na pedra de tropeço; como está escrito: Eis que eu ponho em Sião uma pedra de tropeço, e uma rocha de escândalo; E todo aquele que crer nela não será confundido”. (Romanos 9:32-33, conforme o Salmo 118:22). Tendo rejeitado o Messias, Israel ignorou a provisão de eterna salvação do povo, que somente Ele poderia dar. O Apóstolo Pedro nos ensina: “E assim para vós, os que credes, é preciosa, mas, para os rebeldes, A pedra que os edificadores reprovaram, Essa foi a principal da esquina, e uma pedra de tropeço e rocha de escândalo, para aqueles que tropeçam na palavra, sendo desobedientes; para o que também foram destinados. ” (1 Pedro 2:7-8).
PARTE 5 - ISRAEL: JUSTIFICADA, MAS NÃO SALVA
(Romanos 10:1-13).
Paulo amava o seu povo, a nação de Israel, carregando um fardo enorme e confessando que tinha grande dor no coração pela nação (Romanos 9:13). Ele expressou o seu grande desejo de orar por Israel (Romanos 10:1). Ele desejava que todos os seus irmãos gentios vissem a sua dor (Romanos 10:1-3). Ele queria que todos agonizassem em oração pela sua amada nação.
A CONDIÇÃO ESPIRITUAL DE ISRAEL (Romanos 10:1-3) - Paulo descreveu a situação de Israel de cinco maneiras:
Primeira, Israel não era salva - (Romanos 10:1). Sua oração foi para que Israel fosse salvo. Conforme foi visto antes, tanto os judeus como os gentios estão sob a condenação por causa dos seus pecados (Romanos 3:23) e, se não receberem a provisão divina pela fé em Cristo Jesus, continuarão mortos em seus pecados (Romanos 6:23).
Segunda, Israel tinha zelo de Deus, mas não com entendimento - (Romanos 10:2). A nação era sincera em sua devoção religiosa, mas sinceramente errada. Ela refletia a antiga condição espiritual de Paulo. Ele deu este testemunho diante dos judeus em Jerusalém: “Quanto a mim, sou judeu, nascido em Tarso da Cilícia, e nesta cidade criado aos pés de Gamaliel, instruído conforme a verdade da lei de nossos pais, zeloso de Deus, como todos vós hoje sois”. (Atos 22:3). Por causa do seu zelo pela Lei de Moisés, Paulo perseguia os cristãos até a morte (Atos 22:4; 26:9-11). Em Gálatas 1:14, ele explica: “E na minha nação excedia em judaísmo a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais”.
Terceira, Israel ignorava a justiça de Deus (Romanos 10:30-a). Os israelitas ignoravam o fato de que o antigo Testamento ensinava que aos homens é imputada a justiça de Deus pela fé, independente das obras da lei. (Romanos 3:20-22, conforme Gênesis 15:6 e Hebreus 4:2). Eles ignoravam a grandeza da graciosa provisão divina da redenção. Então, Paulo faz mais uma confissão: “... dantes fui blasfemo, e perseguidor, e injurioso; mas alcancei misericórdia, porque o fiz ignorantemente, na incredulidade”. (1 Timóteo 1:13).
Quarta, Israel estava tentando conseguir a sua própria justiça (Romanos 10:3-b) O orgulho humano e a autossuficiência é que proveem a base para a autojustiça. Mais uma vez, Israel ignorou a clara declaração contida em Isaías 64:6: “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades como um vento nos arrebatam”.
Poderia alguém criar, pelo seu próprio esforço, um padrão de justiça, para obrigar Deus a aceitá-lo? Absolutamente não!
Quinta, Israel não se submeteu à justiça de Deus (Romanos 10: 3c).
Para ser salvo, o homem precisa se humilhar, não se exaltar. O plano de Deus para receber a justificação exige que o homem confie plenamente em que Deus a providenciou e executou. Nós nos submetemos à justiça de Deus, quando nos humilhamos, aceitando pela fé o gracioso dom do perdão e da redenção. Pela fé, devemos admitir que nada podemos fazer para merecer o Seu favor.
Contudo, Israel recusou arrepender-se, apesar dos apelos de João Batista e de Jesus Cristo. O próprio Cristo disse a Jerusalém, personificação do povo judeu: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste! Eis que a vossa casa vai ficar-vos deserta. ” (Mateus 23:37-38). Cristo havia pronunciado julgamento sobre as cidades da Galiléia, porque estas se recusaram a arrepender-se (Mateus 11.20).
A JUSTIÇA DA LEI OU DA FÉ? (Romanos 10:4-13).
Nesta seção [da Bíblia], Paulo mostra sete características da fé, pela qual nos apropriamos da justiça de Deus:
Primeira, a fé alcança o desejado fim da Lei (Romanos 10:4).
“O fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê”. (Romanos 10:4) Cristo era o alvo para o qual a lei apontava. Não havia poder algum na Lei que pudesse efetuar a verdadeira justiça diante de Deus. A Lei apenas mostrou a incapacidade moral do homem, tendo servido de aio para nos conduzir a Cristo (Gálatas 3:24). A justiça da Lei é encontrada somente dentro dos homens que andam conforme o Espírito Santo (Romanos 8:4).
Segunda, A fé não auxilia Deus ao fazer a Sua provisão de salvação (Romanos 10:5-7. “Ora Moisés descreve a justiça que é pela lei, dizendo: “O homem que fizer estas coisas viverá por elas”. (Romanos 10:5, conforme Levítico 18:5). No legalismo, o homem sozinho tem a responsabilidade de prover a própria salvação.
Ao contrário, a justiça pela fé ensina que somente Deus pode prover a salvação, prescrevendo o meio pelo qual é possível obtê-la. Paulo cita Moisés para mostrar que a Terra de Canaã foi dada a Israel por promessa divina, não pela justiça autoproduzida da nação (ver Deuteronômio 9:4-6; 30:12-14). De fato, Moisés os relembrou: “Sabe, pois, que não é por causa da tua justiça que o SENHOR teu Deus te dá esta boa terra para possuí-la, pois tu és povo obstinado”. (Deuteronômio 9:6). Israel ganhou a terra pela fé obediente na promessa e capacitação divina. Do mesmo modo, nem mesmo uma fé genuína faz Deus prover e aplicar a salvação; em vez disso, ela aceita humildemente Aquele que Deus proveu como Salvador do mundo.
Terceira, a fé aceita a proclamada palavra da salvação (Romanos 10:8).
Quando os judeus anteciparam a entrada em Canaã, eles escutaram as palavras de Moisés, conformeDeuteronômio 30:14. A mensagem da fé obediente estava tão disponível e acessível a todos, que eles não tinham desculpa alguma para não conhecê-la. Paulo equipara essa verdade com a palavra da fé que ele prega. A fé salvadora em Jesus Cristo está inseparavelmente ligada à verdade histórica e à genuína interpretação e aplicação dessa verdade. A fé tem substância, conteúdo e direção. Ela deve ser declarada a todos aqueles que precisam ouvi-la.
Quarta, Somente a fé em Jesus Cristo pode garantir a salvação pessoal (Romanos 10:9-10).
O que uma pessoa deve fazer para ser salva? Paulo reponde: “Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação. ” (Romanos 10:9-10). A fé e a confissão são irmãs gêmeas. A boca e o coração se completam. Cristo disse: “... Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca”! (Mateus 12:34-b). É impossível uma pessoa crer e não confessar aquilo em que ela crê.
Quinta, a fé é confiante (Romanos 10:11).
A Escritura diz: “Todo aquele que nele crer não será confundido” (Romanos 1:11, conforme 9:33; Isaías 28:16). Cristo é a pedra de esquina que os construtores rejeitaram. A fé genuína se orgulha em mencionar o nome de Cristo. Ela jamais fica embaraçada. Ela será eterna e totalmente aceita pelo Pai. Nada poderá anular a confiança de um filho de Deus que tenha colocado sua fé e confiança em Jesus Cristo, em vez de confiar, futilmente, na sua autojustiça.
Sexta - a fé é o único meio de salvação para todos (Romanos 10:12).
Paulo escreveu: “Porquanto não há diferença entre judeu e grego; porque um mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam”. (Romanos 10:12). Deus tem uma única provisão de salvação, a qual é encontrada no Seu Filho Jesus Cristo, pela Sua morte redentora na cruz e ressurreição dos mortos. Ele é o único meio pelo qual judeus e gentios podem ser salvos. “Isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que creem; porque não há diferença. Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. (Romanos 3:22-23).
“Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Romanos 3:23).
Sétima, Ter fé significa invocar Yavé-Deus para a salvação - (Romanos 10:13).
Paulo aqui citou o profeta Joel do Velho Testamento: “E há de ser que todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo; porque no monte Sião e em Jerusalém haverá livramento, assim como disse o SENHOR, e entre os sobreviventes, aqueles que o SENHOR chamar” (Joel 2:32). O Nome de Deus permanece em tudo que Ele é (Sua essência) e em tudo que Ele faz (Seus atos). Deus é o único Redentor. Deus é o único a guardar Sua Aliança. Deus e o único a cumprir Suas promessas.
PARTE VI - A REJEIÇÃO DE ISRAEL AO EVANGELHO (Romanos 10:14-21).
Deus quer salvar todos os homens, tanto os judeus como os gentios, que O invocarem. Não existe discriminação alguma na salvação (Romanos 10:12-13). Deus é rico em salvar ambos os grupos da raça humana.
Rejeição ao Evangelho pela Nação de Israel (Romanos 10:14-21).
Infelizmente, Israel rejeitou a graciosa oferta divina para ser salva. Nem uma grande maioria, ou pequena minoria recebeu a justiça de Deus pela fé. Paulo fez esta a avaliação numa série de perguntas retóricas, retiradas no Antigo Testamento.
Primeiro, Israel recebeu a mensagem messiânica (Romanos 10:14-15). Numa série de quatro perguntas, Paulo apresentou uma sequência de causa e efeito, na proclamação do Evangelho verdadeiro:
Paulo segue a progressão do efeito de volta à causa: chamar, crer, ouvir, proclamar e enviar (divinamente por Deus). Warren Wiersbe declarou: “Esta passagem é usada muitas vezes no programa missionário da igreja, tudo bem; mas a sua verdadeira aplicação se destina a Israel” (The Bible Exposition Commentary, I, 548). [N.T. – Quase tudo que os profetas menores escreveram se destina exclusivamente a Israel, mas os dominionistas têm sempre aplicado as bênçãos à igreja, deixando de lado as admoestações].
A seguir, Paulo citou, em Romanos 10:15, parte de uma passagem do Antigo Testamento, a qual se encontra e em Naum 1:15: “Eis sobre os montes os pés do que traz as boas novas, do que anuncia a paz! Celebra as tuas festas, ó Judá, cumpre os teus votos, porque o ímpio não tornará mais a passar por ti; ele é inteiramente exterminado”.
Essas boas novas eram o anúncio de que Deus iria destruir Nínive e o Império Assírio. Em Isaías 52:7, o verso antecipava o reajuntamento de Israel em sua terra, sob o reinado do Messias. Na aplicação de Paulo, as boas novas significavam a oferta de justificação e paz com Deus, através da fé em Jesus Cristo.
Segundo, Israel não obedeceu ao Evangelho (Romanos 10:16). - Obedecer e crer no Evangelho são frases equivalentes. Deus ordenou que todos se arrependessem (Atos 3:19). Paulo falou aos crentes romanos: ”Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça? Mas graças a Deus que, tendo sido servos do pecado, obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues. (Romanos 6:16-17).
Paulo citou Isaías 53:1, a fim de provar que Israel não creu: “Quem deu crédito à nossa pregação? E a quem se manifestou o braço do SENHOR? ” O apóstolo João aplicou este verso a Israel, mostrando que a nação havia rejeitado os milagres de Cristo (João 12:37-41). O verso de Isaías abre o principal capítulo missionário de todo o Antigo Testamento. Felipe mostrou ao etíope que a pessoa mencionada neste verso era o Messias judeu, isto é, Jesus Cristo. (Atos 8:30-35).
Terceiro, Israel ouviu a verdade (Romanos 10:17-18).
É claro que a fé salvadora vem pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Deus (Romanos 10:17). A pergunta foi óbvia e a resposta, direta. (v. 18). E para provar sua reposta, Paulo citou o Salmo 19:4-b: “e as suas palavras [se estendem] até ao fim do mundo”. Neste salmo, vemos que Deus revelou a verdade sobre Ele mesmo e sobre a natureza por Ele criada (verso 6-c). Esta verdade chamada revelação geral está à disposição de cada homem, em toda parte. Além disso, o Salmo 19:7-11 mostra a verdade de que Deus Se revelou na Lei, isto é, no Antigo Testamento. A revelação especial foi confiada à nação de Israel. Esta nação tinha uma vantagem sobre os gentios, porque possuía os oráculos de Deus. (Romanos 3:2). Para os judeus do Seu tempo, Jesus falou: “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam” (João 5:39).
Quarto, Israel conhecia a verdade (Romanos 10:19-20) - Em Romanos 10:19, Paulo indaga: “Porventura Israel não o soube? ” A resposta esperada é que Israel não o soube. E para provar o seu ponto de vista, Paulo cita a Torah de Moisés, em Deuteronômio 32:21: “A zelos me provocaram com aquilo que não é Deus; com as suas vaidades me provocaram à ira: portanto eu os provocarei a zelos com o que não é povo; com nação louca os despertarei à ira”.
Israel sabia que a justiça de Deus vem pela fé. Os gentios eram o “não povo”, o qual não tinha o seu entendimento. Mesmo assim, os gentios creram e Israel, não. Deus propôs, soberanamente, usar esta resposta, a fim de provocar o Israel não arrependido. Paulo apoiou sua conclusão (verso 20), citando Isaías 65:1: “Fui buscado dos que não perguntavam por mim, fui achado daqueles que não me buscavam; a uma nação que não se chamava do meu nome...” Os gentios não buscavam nem perguntavam por Deus, mas Ele, em Sua imensa misericórdia os salvou.
Quinto, Israel não aceitou o convite de Deus (Romanos 11:21). - Citando novamente Isaías, Paulo escreveu:“Porque, se Deus não poupou os ramos naturais, teme que não te poupe a ti também”, conforme Isaías 65:2: “Estendi as minhas mãos o dia todo a um povo rebelde, que anda por caminho, que não é bom, após os seus pensamentos”. A expressão “dia todo” subentende uma “contínua oferta de salvação”, conforme Isaías 49:8: “No tempo aceitável te ouvi e no dia da salvação...” Mais tarde, Paulo citaria este verso aos coríntios: “ (Porque diz: Ouvi-te em tempo aceitável E socorri-te no dia da salvação; Eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação) ” (2 Coríntios 6:2).
Durante toda a história de Israel, Deus sempre estendeu Sua mão para salvar os judeus, mas estes continuaram desobedientes. O próprio Jesus lamentou, conforme Mateus 23:37: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste! ” (Aqui, Jerusalém representava todo o Israel).
Eleição do Remanescente por Deus (Romanos 11:1-6).
Paulo faz aqui uma pergunta desafiadora: “Porventura rejeitou Deus o seu povo? ” (Verso 1).
Primeiro, Paulo deu duas ilustrações para mostrar que Deus sempre teve um remanescente em Israel, apesar da incredulidade da nação - (Romanos 11:1-4).
Em seguida, ele fez sua declaração doutrinária, conforme Romanos 11:1: “DIGO, pois: Porventura rejeitou Deus o seu povo? De modo nenhum; porque também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim. Deus não rejeitou o seu povo, que antes conheceu”. Ele disse que Deus sempre teve um remanescente, apesar da incredulidade da nação. (Romanos 11:1-4). O Apóstolo nunca rejeitou a sua origem judaica, quando creu em Jesus Cristo. Ele tinha orgulho de sua ancestralidade racial e religiosa (Filipenses 3:4-6).
Todos os crentes são escolhidos ou eleitos segundo a presciência de Deus Pai (1 Pedro 1:2). Os crentes são escolhidos para serem justificados e glorificados, para se tornarem conformes à imagem de Cristo. No passado eterno, Deus nos escolheu como o seu povo distinto, antes mesmo de ter iniciado o seu programa redentor para o tempo de vida de cada um de nós.
Do mesmo modo, Deus conheceu Israel como sua nação amada e escolhida, antes da Aliança feita com Abraão e de tê-la redimido do cativeiro egípcio (Deuteronômio 7:6-10). Desse modo, tanto o Israel eleito como os crentes eleitos - judeus ou gentios - podem estar confiantes em que Deus jamais os rejeitará.
A segunda ilustração mostra que havia 7.000 crentes dentro do idolatra reino do norte de Israel, embora Elias pensasse o contrário (1 Reis 19:18).
Segundo, Paulo argumentou em seguida que Deus tinha um remanescente em Israel na era presente - “Assim, pois, também agora neste tempo ficou um remanescente, segundo a eleição da graça. Mas se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça. Se, porém, é pelas obras, já não é mais graça; de outra maneira a obra já não é obra” (Romanos 11:5-6).
Dentro da igreja, o corpo de Cristo reúne, numa só entidade, tanto judeus crentes como gentios crentes. Hoje em dia, Deus está salvando judeus mesmo que toda a nação tenha rejeitado Jesus Cristo.
Esta eleição é pela graça divina, totalmente imerecida. Paulo disse em Romanos 11:6: “Mas se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça. Se, porém, é pelas obras, já não é mais graça; de outra maneira a obra já não é obra”. Nem os judeus, nem os gentios podem praticar obras religiosas para ganhar a justiça de Deus. A salvação é um dom gratuito, baseado na confiança do crente no Doador, não uma recompensa pelo esforço meritório.
Parte 7 - A Rejeição de Israel e a Aceitação dos Gentios (Romanos 11:7-24)
Nesta seção [da Bíblia], Paulo mostra o contraste entre a rejeição divina do Israel não salvo com a aceitação divina dos gentios. Ele prossegue mostrando a diferença entre o remanescente salvo de Israel e a maioria não salva de judeus, na era presente. Ao fazer isso, o apóstolo descreveu, de nove maneiras a condição espiritual de Israel.
Israel ficou cego e endurecido (Romanos 11:7-10) - A nação como um todo “não alcançou o que buscava” (verso 7). Ela buscava todas as bênçãos de Abraão, através da Aliança. (Gênesis 12:1-3), mas não as obteve, por tê-las buscado na base da auto justificação, contudo os eleitos na nação obtiveram as bênçãos de Abraão, quando receberam a justificação através da fé em Jesus Cristo. Ao contrário, o restante foi endurecido (Romanos 11:7), por ter rejeitado Jesus Cristo como o seu Messias prometido.
A fim de apoiar esta apresentação da cegueira de Israel, Paulo se refere em Romanos 11:8 a três passagens do antigo testamento, conforme Deuteronômio 29:3-4; Isaías 29:10 e Salmo 69:22-23. As duas primeiras passagens mostram que o endurecimento envolve sequidão, cegueira, e surdez. Deus endureceu a nação, por causa da sua hipocrisia. Esta razão pode ser vista nas palavras de Isaias 29:13: “Porque o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca, e com os seus lábios me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído; ” conforme Mateus 15:7-9.
A terceira passagem mostra que a provisão divina de Israel (sua mesa), tornou-se a base do julgamento para a nação, porque ela não correspondeu em fé e gratidão ao dom de Deus. Sua vantagem aumentou a responsabilidade moral. Sua rejeição a Cristo na primeira vinda do Messias fê-la ruir sob o peso de sua culpa, tendo causado o castigo nacional. Infelizmente, a cegueira de Israel na era presente é a mesma cegueira da nação, na era do Antigo Testamento.
Israel tropeçou e caiu (Romanos 11:11-14) - Paulo fez uma pergunta retórica: “Digo, pois: Porventura tropeçaram, para que caíssem? De modo nenhum, mas pela sua queda veio a salvação aos gentios, para os incitar à emulação” Romanos 11:11 esta pergunta implica numa resposta negativa, quando o apóstolo exclama em protesto: “De modo nenhum”!
Quando Israel rejeitou Jesus Cristo como o seu Messias ela caiu permanente e irreversivelmente? Teria Deus substituído Israel com a igreja em seu propósito criador e redentor? Todas as promessas da aliança que foram dadas a Israel, seriam espiritualmente cumpridas na Igreja? Claro que NÃO! Deus não rejeitou seu povo da antiga aliança. Mas em Sua sabedoria e soberano poder, Deus pode usar a queda de Israel para completar o seu propósito final:
Primeiro, a rejeição de Cristo por Israel, levou à sua crucificação e ressurreição, a exata base para a salvação dos gentios. - Romanos 11:11. Deus disse a Abraão: “E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra”. (Gênesis 12:3). A benção espiritual é uma provisão tanto para os judeus como para os gentios.
Segundo, Não é estranho que os gentios possam saber mais a respeito do Deus de Abraão, Isaque e Jacó do que os atuais descendentes dos patriarcas?
Terceiro, Deus vai enriquecer o mundo no futuro através da plenitude de benção de Israel.
Paulo escreveu em Romanos 11:12: “E se a sua queda é a riqueza do mundo, e a sua diminuição a riqueza dos gentios, quanto mais a sua plenitude! ”
Paulo antecipou uma benção espiritual maior para os gentios, no futuro, porque ele sabia que Deus iria cumprir, um dia, suas promessas com a nação de Israel. Esse tempo futuro vai acontecer quando Cristo voltar para estabelecer o seu reino milenar na Terra.
Quarto, sendo um apóstolo judeu, Paulo sabia que o seu ministério principal seria aos gentios (Romanos 11:13): “Porque convosco falo, gentios, que, enquanto for apóstolo dos gentios, exalto o meu ministério”. Mesmo assim ele desejava usar a salvação dos gentios para causar ciúme aos judeus.
Os poucos judeus que foram salvos, nesta dispensação, constituem os eleitos de Israel e fazem parte da Igreja, o corpo espiritual de Cristo.
Israel foi rejeitada (11:15)
- Paulo escreveu em Romanos 11:15. “Porque, se a sua rejeição é a reconciliação do mundo, qual será a sua admissão, senão a vida dentre os mortos? ” Na 2 Coríntios 5:19, ele escreveu “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação. ” (2Co 5:19 ACF).
A crucificação e rejeição de Cristo introduziram uma nova era no plano criador e redentor de Deus, com a plenitude dos gentios... Romanos 11:25 - A igreja, embora composta de judeus e gentios, tem como sua membresia maior os gentios. (Atos 15:14-18).
Mas, a rejeição de Israel é temporária. Dias virão em que Deus vai aceitar, novamente, a nação. Quando Cristo voltar à Terra, “todo o Israel será salvo” (Romanos 11:26). Nesse tempo, Deus ressuscitará os mortos do Antigo Testamento, conforme Daniel 12:2-3: “E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno. Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça, como as estrelas sempre e eternamente”.
Israel foi quebrada - (Romanos 11:16-24) –
Israel desfrutou uma posição distinta e santificada diante de Deus. Conforme a lei da oferta alçada (Números 15:17-21), a apresentação das primícias significava que toda a colheita pertencia ao Senhor. Conforme a Festa das Primícias, (Levítico 23:9-14), Deus santifica tudo que Ele aceita em parte. Usando esta analogia, possivelmente Paulo identificou a colheita e os ramos com toda a nação de Israel (Romanos 11:16). As primícias e a raiz, provavelmente, referem-se a Abraão, o Patriarca de Israel, o primeiro a receber as bênçãos da Aliança (Gênesis 12:1-3). Na era do Antigo Testamento, a oliveira era um símbolo de Israel (Jeremias 11:16-17); Oséias 14:4-6). Neste contexto, a oliveira parece representar todas as bênçãos contidas na aliança abraâmica, com os judeus representando os ramos naturais, por causa da relação física com Abraão e os outros patriarcas, os quais [judeus] foram quebrados por causa da incredulidade (Romanos 11:17-20). Ao contrário, os gentios salvos, conforme simbolizados nos ramos da oliveira, foram enxertados na oliveira cultivada por causa da sua fé em Jesus Cristo. Os gentios tornaram-se participantes da raiz e da seiva da oliveira cultivada, quando receberam as bênçãos espirituais de Abraão, extensivas a todas as famílias da Terra (Gênesis 12:3).
A poda nos ramos naturais (Israel) e o enxerto nela dos ramos da oliveira brava (os gentios) iria acontecer na era da igreja, uma intercalação no programa profético de Deus para Israel. (Daniel 9:24-27). Para Israel, o dilema espiritual é apenas parcial, visto como os judeus estão sendo salvos nesta era de bênçãos espirituais aos gentios. O dilema é temporário, porque Deus vai enxertar os ramos naturais de volta na oliveira cultivada, quando Cristo voltar à Terra.
Paulo argumentou que Israel precisa simplesmente crer, para ser restaurada com a bênção espiritual da nação. Ele escreveu: Romanos 11:23-24 “23 E também eles, se não permanecerem na incredulidade, serão enxertados; porque poderoso é Deus para os tornar a enxertar. 24 Porque, se tu foste cortado do natural zambujeiro e, contra a natureza, enxertado na boa oliveira, quanto mais esses, que são naturais, serão enxertados na sua própria oliveira! ”
Então, a condição atual de Israel é parcial e temporária. A nação será total e permanentemente restaurada nas bênçãos divinas, quando for completada a salvação dos gentios e o Messias regressar à Terra.
Parte 8 - A SALVAÇÃO FUTURA DE ISRAEL (Romanos 11:25-36).
O futuro de Israel é claro, não nublado.
De fato, o seu amanhã será muito mais glorioso do que o seu passado. Nesta última secção, dos capítulos 9-11 de Romanos, Paulo expõe o programa divino para Israel sendo exalado por Deus, pela manifestação de sua graciosa sabedoria.
A cegueira de Israel (Romanos 11:25) - Paulo escreveu no verso 25: “Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado”. A era atual da igreja (Mateus 16:18) é um mistério não revelado em tempos passados, até que descobríssemos, por nós mesmos, que a cegueira de Israel tem persistido até a plenitude dos gentios. Ela é um hiato no programa profético de Deus para Israel (Daniel 9:24-27), uma inserção entre a 69ª e a 70ª. Semana de Daniel.
A era da igreja é conhecida como existindo até a plenitude dos gentios. É o tempo em que Deus tem visitado os gentios para, entre eles, “tomar um povo para o Seu nome” (Atos 15:14. Cristo está edificando a Sua igreja constituída de judeus e gentios, reunidos em um só corpo espiritual (Efésios 2:11-22).
Embora a igreja primitiva fosse composta em sua maioria de crentes judeus, nos 2.000 anos de Cristianismo verdadeiro, agora eles são minoria (Ver o Livro de Atos). A plenitude dos gentios vai terminar, quando o último gentio for salvo na era atual da igreja, e esta for arrebatada à presença de Cristo, conforme a 1 Tessalonicenses 4:13-18.
Nesta era, a cegueira de Israel é parcial e alguns judeus têm crido em Jesus Cristo como o Messias. Sua cegueira vai terminar, com o Arrebatamento e os subsequentes sete anos da Tribulação, em cumprimento à 70ª. Semana de Daniel 9:24-27, atingindo o clímax na volta de Cristo à Terra.
O Messias de Israel (Romanos 11:26-27). Após a era da igreja, Israel será salva, com a vinda do Messias prometido, JESUS CRISTO: “E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, E desviará de Jacó as impiedades. E esta será a minha aliança com eles”.
Esta citação de Isaías no Antigo Testamento (Isaías 59:20-21) complementa outras predições sobre a vinda do Messias, como as de Zacarias 12:10 e 14:1-4: “Mas sobre a casa de Davi, e sobre os habitantes de Jerusalém, derramarei o Espírito de graça e de súplicas; e olharão para mim, a quem traspassaram; e pranteá-lo-ão sobre ele, como quem pranteia pelo filho unigênito; e chorarão amargamente por ele, como se chora amargamente pelo primogênito... Eis que vem o dia do SENHOR, em que teus despojos se repartirão no meio de ti. Porque eu ajuntarei todas as nações para a peleja contra Jerusalém; e a cidade será tomada, e as casas serão saqueadas, e as mulheres forçadas; e metade da cidade sairá para o cativeiro, mas o restante do povo não será extirpado da cidade. E o SENHOR sairá, e pelejará contra estas nações, como pelejou, sim, no dia da batalha. E naquele dia estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente; e o monte das Oliveiras será fendido pelo meio, para o oriente e para o ocidente, e haverá um vale muito grande; e metade do monte se apartará para o norte, e a outra metade dele para o sul. ”
O próprio Cristo afirmou que Jerusalém permaneceria desolada, até que exclamasse: “Bendito o que vem em nome do Senhor”. (Mateus 23:39). Paulo escreveu (Romanos 9:6) que nem todos os de Israel são israelitas. Serão salvos os israelitas que compõem o verdadeiro Israel (Gálatas 6:16), os judeus eleitos dentro da etnia da nação, quando Cristo voltar. Ezequiel declarou que Deus iria eliminar os rebeldes em Israel, antes de redimir e devolver à nação a sua terra. (Ezequiel 20:34-38).
O Amor de Israel - (Romanos 11:28-29). Paulo faz uma distinção entre a posição e as práticas de Israel, dizendo: “Assim que, quanto ao evangelho, são inimigos por causa de vós; mas, quanto à eleição, amados por causa dos pais. Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento”.
Na era presente, Israel tem se oposto, como inimiga do evangelho, em sua totalidade. O próprio Paulo foi um exemplo disso, antes de sua conversão a Cristo, conforme Gálatas 1:13. Ele acusa os judeus de sua inimizade ao Evangelho, nesta declaração: “Os quais também mataram o SENHOR Jesus e os seus próprios profetas, e nos têm perseguido; e não agradam a Deus, e são contrários a todos os homens, e nos impedem de pregar aos gentios as palavras da salvação, a fim de encherem sempre a medida de seus pecados; mas a ira de Deus caiu sobre eles até ao fim. ” (1 Tessalonicenses 2:15-16). Se existe algum povo que merecesse o castigo divino pela sua rejeição ao Evangelho, este era o povo judeu,(É claro que existia uma minoria que não estavam envolvidos nesta regeição).A futura salvação de Israel não será por causa da sua incredulidade passada ou presente, mas pelo fato de que Deus escolheu o povo judeu como o povo especial da Aliança, tendo dedicado um grande amor a este povo, através das incondicionais promessas feitas a Abraão, Isaque e Jacó. Moisés escreveu: “Porque povo santo és ao SENHOR teu Deus; o SENHOR teu Deus te escolheu, para que lhe fosses o seu povo especial, de todos os povos que há sobre a terra. O SENHOR não tomou prazer em vós, nem vos escolheu, porque a vossa multidão era mais do que a de todos os outros povos, pois vós éreis menos em número do que todos os povos; Mas, porque o SENHOR vos amava, e para guardar o juramento que fizera a vossos pais, o SENHOR vos tirou com mão forte e vos resgatou da casa da servidão, da mão de Faraó, rei do Egito”. (Deuteronômio 7:6-8).
Deus sempre cumpre a Sua Palavra. Ele é fiel em Suas promessas. Paulo escreveu em Romanos 11:29: “Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento”. Ele jamais dá alguma coisa para depois tomá-la de volta. A futura salvação de Israel está garantida pela imutabilidade de Deus (Números 23:19, conforme Malaquias 3:6).
A misericórdia de Israel - Romanos 11:30-32.
Os gentios salvos eram desobedientes a Deus em seus dias de não salvos. (Romanos 11:30). Naquele tempo, eles estavam “sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo” (Efésios 2:12). Mesmo assim, os gentios obtiveram misericórdia, por causa da rejeição de Israel ao Evangelho. (Verso 30). Israel representa os construtores que rejeitaram a pedra de esquina, isto é, Jesus Cristo (Mateus 21:42). Por causa da crucificação e ressurreição, Cristo se tornou a pedra fundamental do edifício,que é a igreja, na qual os gentios constituem a maioria.
Deus vai usar a misericórdia estendida aos gentios para conduzir Israel à salvação, simplesmente, “Porque Deus encerrou a todos debaixo da desobediência, para com todos usar de misericórdia”. (Romanos 11:32). Também é claro ser este o propósito divino, conforme Romanos 9:5 e Êxodo 33:19).
Desse modo, Deus usará, soberanamente, a salvação dos gentios, na atual dispensação da igreja, para conduzir Israel á salvação, por ocasião da volta de Cristo.
O Deus de Israel (Romanos 11:33). Num ato de louvor e adoração a Deus, Paulo exclamou: “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! ” (Romanos 11:33).
Somente o nosso Deus poderia propor e completar um programa tão complexo e paradoxal, tanto para Israel como para a igreja. Somente ele poderia operar em e através dos homens, tanto bons como maus, para realizar o Seu objetivo - para a Sua própria glória e bênção ao Seu povo. Nenhuma criatura poderia melhorar o conselho de Deus (Romanos 11:34,35). Portanto, somente Deus merece toda a honra e glória pela atual salvação dos judeus e dos gentios, reunidos na verdadeira igreja, do Senhor Jesus Cristo, para a salvação futura de todo o povo da Aliança.
Paulo termina esta seção da maneira mais apropriada: “Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém. (Romanos 11:36).
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