quinta-feira, 7 de março de 2013

Eleição e predestinação

 Eleição e predestinação?

 Efésio 1:4 diz que Deus “nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele”. A voz média de “nos escolheu” indica que Deus nos escolheu por e para Ele mesmo, portanto, não traz a ideia de escolher baseado em algo visto no objeto da escolha. Para indica o propósito para o qual fomos escolhidos, não a causa de nossa escolha. “Sermos santos” significa que Deus nos “escolheu de todos os povos que há sobre a face da terra, para lhe serdes seu povo próprio” (Dt 14.2), como a Israel outrora. E “irrepreensíveis perante ele” significa que o eleito comparecerá “isento de culpa, na presença de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus” (1Ts 3.13). Noutras palavras, “antes da criação do mundo, Deus já nos havia escolhido para sermos dele por meio da nossa união com Cristo, a fim de pertencermos somente a Deus e nos apresentarmos diante dele sem culpa” (Ef 1.4, NTLH).

 “em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade” (Ef 1.5). Predestinar significa “decidir de antemão”, “predeterminar”, “destinar antecipadamente”. O quando é "antes da fundação do mundo", referido no verso anterior. Os objetos da predestinação não são coisas, como a fé ou o caráter, mas pessoas: “nos predestinou". "Para Ele, para a adoção de filhos” indica o propósito, quer dizer que estamos de antemão destinados a nos tornar filhos de Deus. Isto se dá “por meio de Jesus Cristo”, que é o agente da adoção, pois "Deus enviou seu Filho... a fim de que recebêssemos a adoção de filhos" (Gl 4:4-5). E a predestinação para a vida foi “segundo o beneplácito de sua vontade”, ou seja, “porque assim foi do teu agrado” (Mt 11.26) e não por alguma razão em nós encontrada. Numa paráfrase moderna, “por causa do seu amor por nós, Deus já havia resolvido que nos tornaria seus filhos, por meio de Jesus Cristo, pois este era o seu prazer e a sua vontade” (Ef 1:5, NTLH). Com isto concluímos que o ensino de Efésios é que Deus nos escolheu e nos predestinou soberanamente para a salvação. Nada indica que seja menos que salvação, nem que ela se deva a alguma coisa prevista em nós.

Romanos 8:30 diz e aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou”. Basta que notemos, aqui, que todos os verbos tem Deus como sujeito, e não o homem. Voltando ao verso anterior, temos que “aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8.29). Note, de início, que o que é conhecido de antemão são pessoas, e não o que essas pessoas tinham ou fariam. As mesmas pessoas conhecidas, são predestinadas, com o sentido que já demos para a palavra. "Para" indica que a predestinação é "segundo o seu propósito" (Rm 8:28) que é "serem conformes à imagem de seu Filho". Já vimos em Efésios que o propósito da predestinação é nos fazer filhos de Deus, aqui a ideia é ampliada para dizer que é nos fazer filhos de acordo com o molde, modelo ou imagem de Jesus. "A fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos", o primogênito é filho natural, os "muitos irmãos" por adoção, como explicado em Efésios.

O que expus sobre o que as duas passagens ensinam sobre eleição e predestinação é o que se pode chamar de "doutrina da predestinação calvinista". Claro que se for conveniente a alguém, ele pode caricaturizar à vontade essa doutrina, é a tal falácia do espantalho. Mas essencialmente, ela ensina que Deus nos escolheu para a salvação e que preordenou todos os meios que nos conduziriam à fé e nos preservaria até à glória, é a interpretação que leva em conta o significado verdadeiro dos termos utilizados, que atenta para as construções sintáticas e que trabalha com o que encontra no texto, sem fazer inserções de conceitos humanos tais como "aceitar a Jesus".
 
Shalon!!!



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