O deísmo moralismo terapêutico pode ser definido como “Uma crença em que Deus abençoa e leva para o céu as pessoas boas e sinceras que tentam viver uma vida decente aqui na terra (o moralismo). A coisa mais importante da vida é se sentir bem, estar em paz consigo mesmo, e ser feliz (o terapêutico). Deus não precisa estar envolvido em nossa vida, ou seja, não é um Deus pessoal. A não ser nos momentos de aperto, quando ele se aproxima e nos socorre (o deísmo)”.
Horton fez uma boa descrição dos seus pontos:
1. Deus criou o mundo.
2. Deus quer que sejamos bons, educados e justos uns com os outros, como
todas as religiões ensinam.
3. O objetivo central da vida é estar em paz consigo mesmo.
4. Deus não precisa estar envolvido com ninguém, exceto quando a situação
for muito aflitiva.
5. Todas as pessoas boas vão para o céu.
Sintetizando:
Deus é uma força criadora, uma energia. Devemos ser bons. A felicidade é o bem supremo da vida. Não precisamos procurar por Deus, a não ser quando a coisa fica feia. E a salvação é universal. É uma religião humanista em que o Transcendente não é tão relevante assim. O fiel olha para baixo, ao invés de olhar para cima. Olha para dentro, ao invés de olhar para fora. A preocupação é consigo mesmo, e não com o mundo. A ética é calcada sobre si, pois a decência na vida é para se sentir bem, em paz, não por amor ao próximo ou como um ato de culto a Deus. É uma barganha, nada mais.
Isto não é exclusivo dos jovens americanos ou brasileiros. Parece ser a pregação nas igrejas evangélicas, que baniram o pecado, a necessidade de expiação, a morte vicária de Cristo e a condenação para os que o rejeitam. E onde o Transcendente é apenas uma Força que pode ser manipulada em benefício do fiel. Num mundo egoísta, em que as pessoas querem apenas satisfazer suas carências e vêem Deus como o grande quebrador de galhos, que vai enriquecê-las e resolver todos os seus problemas, esta mensagem encontra grande aceitação. Deus existe para seu benefício e satisfação pessoal. Há igrejas que estão há anos sem ouvir um sermão sobre a obra vicária de Cristo, a chamada ao arrependimento e abandono do pecado.
A mensagem é esta: você tem direitos, deve exigi-los, e se souber exigir segundo aquela igreja ensina, será abençoado. Mesmo que viva em pecado. Aliás, pecado caiu em desuso. O único pecado é a falta de amor. Um livro bem interessante sobre este tema é de um teólogo católico, Moser: O pecado ainda existe? (Edições Paulinas). Parece que não. Existe apenas a necessidade dos clientes a serem satisfeitos na igreja.
A pregação de hoje parece mais focada na terapia (como Deus pode tornar alguém feliz) do que nas propostas de Deus. As necessidades do cliente são mais fortes que a proclamação da santidade de Deus. Oferece-se graça (geralmente ligada à saúde, bens materiais e resolução de conflitos familiares), mas omite-se a santidade de Deus. Quando você ouviu (ou pregou) pela última vez, um sermão falando da santidade de Deus e do pecado humano?
Há pregadores mais interessados em fidelizar clientes, dizendo-lhes o que querem ouvir do que proclamar os atos de Deus em Cristo, dizendo o que Deus quer ouvir. Prova disso são as faixas de campanhas de igreja, que relaciono a seguir (faixas reais, que vi): “Venha buscar sua bênção!”, “Uma bênção a cada culto!”, “Nós temos uma bênção para você!”, “Você nasceu para vencer!”, “Aprenda a vencer o Devorador”, “Venha recuperar o que é seu”, “Aqui, a bênção é maior!”. E, por incrível que pareça, esta (não vi, mas me disseram): “Aqui, o seu dízimo é apenas 7%” (e há gente pedindo 30%!).
Há pregadores que colocam o foco em si. Sua mensagem glorifica seu ministério. Antigamente os crentes oravam dizendo: “Esconde teu servo atrás da cruz de Cristo”. Hoje há quem esconda a cruz de Cristo atrás de si. Como disse um membro de igreja: “O tema predileto de nosso pastor é ele mesmo”. Com este tipo de pregação personalista, massageadora do ego, lisonjeira ao pecador, não é se de admirar que o deísmo moralista terapêutico esteja em expansão. É o credo oculto de muitas igrejas. Mas bem explícito nas pregações.
Preocupa-me ver que as igrejas hoje estejam caminhando para o ecologismo, num discurso politicamente correto, mais interessadas em mostrar sintonia com os novos tempos, do que se prender aos velhos tempos. Igreja tem função mais importante que falar de ecologia e ensinar coleta seletiva de lixo.
Ela é pregoeira dos atos de Deus em Cristo. Ela deve dizer como Paulo: “Porquanto decidi nada saber entre vós, a não ser Jesus Cristo, e este crucificado“ (1Co 2.2). Sua missão é mais ampla e mais profunda que dizer aos homens que devem ser bons e amigáveis. Ela deve dizer: “Assim, vos suplicamos em nome de Cristo que vos reconcilieis com Deus” (2Co 5.20).
A igreja deve pregar o evangelho e pregar o evangelho não é fazer saraus musicais ou shows gospéis. É dizer que o homem é pecador, que necessita se arrepender de seus pecados e crer em Jesus Cristo, que ele voltará em poder e glória e julgará o mundo. No deísmo moralista terapêutico, nossa função é apenas cuidar do mundo que a Força Cósmica produziu.
O deísmo moralista terapêutico tem avançado porque igrejas e pregadores têm negligenciado a pregação autêntica. As igrejas não devem se preocupar em serem “igrejas amigáveis”, mas sim de serem igrejas leais à essência do evangelho. E esta ainda é a mesma: “... Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras” (1Co 15.3-4) e “... a trombeta soará... “(1Co 15.52).
Deísmo moralista terapêutico é a perversão do evangelho. É um evangelho humano, de gente que se serve do evangelho, mas não prega a verdade bíblica. É uma infelicidade para a igreja porque a enche de pessoas que sequer sabem o que é seguir a Cristo, mas que se julgam cristãs. Imunizam-se contra o verdadeiro evangelho. Deus cobrará desses pregadores e dessas igrejas o desvio que fizeram.
O evangelho que Jesus revelou é “Cristo crucificado, poder de Deus para salvação de todo aquele que crê. O evangelho do deísmo moralista terapêutico é a negação de Jesus. É anátema. Que seja recusado. Está na hora das igrejas e dos pregadores voltarem à Bíblia.
Que Deus tenha misericórdia de nós.
Shalon!!!
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