sábado, 29 de junho de 2013

REDENÇÃO 1


Pela graça de Deus, Vimos o pecado, a lei, o amor de Deus, Sua graça e Sua justiça. Vimos como o homem se tornou pecador e como a lei veio expor os pecados do homem. Vimos também que embora esteja provado que o homem é pecador, Deus ainda o ama. Deus não somente nos amou, mas Ele também nos mostrou misericórdia e graça. Vimos também que a graça de Deus se manifestou, qual é a natureza dessa graça, como ela ocorreu e que ela nunca pode ser misturada com esforço humano. No capítulo anterior Justiça de Deus, vimos que, apesar do amor de Deus e de Seu desejo de nos dar graça, havia um obstáculo para a vinda da graça até nós. Se uma única coisa ficasse sem ser tratada, a graça de Deus não poderia ter vindo até nós. Embora a graça esteja, agora aqui, para prevalecer, ela predomina apenas pela justiça (Rm 5:21). A graça não pode prevalecer por si só. Assim, o Senhor nos mostrou como a justiça foi manifestada. Sua justiça lidou com nossos pecados. Ao mesmo tempo, ela nos capacita a receber graça de Deus. Vimos isso nos capítulos anteriores. Agora, prosseguiremos com o evangelho de Deus e Sua salvação.

A primeira coisa que temos de ver é que o Senhor Jesus é Deus. Podemos dizer que somente Deus pode levar o pecado do homem. Nunca considere o Senhor Jesus como uma terceira pessoa vindo para sofrer uma morte substituta. Não pense que Deus seja uma parte, nós outra parte e o Senhor Jesus a terceira parte. A Bíblia nunca considera o Senhor Jesus como uma terceira parte. Pelo contrário, ela O considera como a primeira parte. Podem ter-lhe dito que o evangelho é comparado a um devedor, um credor e o filho do credor. O devedor não tem dinheiro para quitar seu débito; o credor, sendo muito severo, insiste no pagamento. Mas o filho do credor se prontifica a pagar o débito em lugar do devedor e o devedor fica livre.

Esse é o evangelho que o homem prega hoje. Mas não é o verdadeiro evangelho. Se esse fosse o caso, pelo menos dois pontos não seriam corretos e seriam contrários à Bíblia. Primeiro, esse tipo de entendimento mostra Deus como o malvado, e o Senhor Jesus o bondoso. Em tal ilustração, não vemos Deus amando o mundo. Antes, vemos apenas Sua justa exigência e a exigência da lei. Vemos um Deus severo, Alguém sem a graça e cujas palavras para o homem são sempre ásperas; e vemos que é o Senhor Jesus quem nos ama e nos dá graça. Esse evangelho está errado. Contudo, embora seja um evangelho errado, Deus ainda o usa. Na verdade, eu mesmo fui salvo por esse tipo de ilustração. Mas embora fosse salvo, nos três primeiros anos, nunca consegui louvar a Deus. Eu sempre sentia que o Senhor Jesus era bom, que deveria agradecer-Lhe e louvá-Lo, que sem Ele tudo era sem esperança e que foi uma felicidade Ele ter vindo. Mas eu sentia que Deus era muito severo, bravo e mau. Ele não era tão amável. Parecia que todas as coisas boas estavam com o Senhor Jesus e todas as ruins estavam com Deus, parecia que Deus era terrível e o Senhor Jesus, amável.

Mas isso não é a Bíblia. A Bíblia diz que Deus amou o mundo de tal maneira que nos deu Seu Filho (Jo 3:16). Deus enviou Seu Filho porque nos amou. Eis por que fomos levados de volta a Deus após o Senhor Jesus ter cumprido Sua obra na cruz. Se Deus não nos tivesse amado e não nos tivesse enviado o Senhor Jesus, o máximo que o Senhor Jesus poderia ter feito era levar as pessoas de volta a Si mesmo; Ele não poderia levar as pessoas de volta a Deus. Graças ao Senhor porque quem nos amou foi Deus. Agradecemos-Lhe porque foi o próprio Deus quem enviou Seu Filho a nós. O Pai é quem foi movido por compaixão. O Pai é quem nos amou. Foi o Pai quem planejou a salvação. Foi o Pai quem teve uma vontade na eternidade passada. Primeiramente, o Pai propôs todas as coisas e, então, o Filho veio. Assim, é errado o homem pensar que há três partes. Há somente duas partes: Deus e o homem. O Senhor Jesus é a dádiva de Deus ao homem. Contudo, essa dádiva é algo vivo e com uma vontade, não sem vida e sem vontade. Graças a Deus porque a salvação é algo entre Deus e o homem. O Senhor Jesus é uma dádiva. Hoje, é a Deus que devemos voltar-nos. Nós nos achegamos a Deus por meio do Senhor Jesus. Essa é a primeira coisa que temos de perceber.

Segundo, se houvesse três partes, o Senhor Jesus não teria sido qualificado a morrer por nós. É verdade que quando o Senhor Jesus morreu por nós, a justiça de Deus foi cumprida e os pecados humanos foram perdoados. Mas foi justo para o Senhor Jesus? Suponha que tenhamos dois irmãos aqui. Suponha que um dos irmãos tenha cometido um crime capital e tenha sido condenado à morte. O outro irmão quis muito morrer por ele e, por isso, foi executado em seu lugar. Ele é inocente, e também uma terceira parte. Agora, ele morre em lugar do outro. A Bíblia nunca nos mostra que o Senhor Jesus morreu por nós deste modo. Ela nunca nos mostra que Deus tinha uma exigência, que Sua lei tinha de ser satisfeita e que para que o homem cumprisse a exigência da lei, o Senhor Jesus veio para cumprir a lei de Deus. Não há tal coisa. Que posição o Senhor Jesus tomou quando Ele veio cumprir a redenção? Temos de considerar essa questão cuidadosa e precisamente conforme a Bíblia.

Gostaria que vocês estivessem cientes de uma coisa. O mundo pensa que há apenas um modo de lidar com o problema do pecado. Os pregadores que pregam ensinamentos errados dizem que há três maneiras de lidar com o pecado. Mas para Deus há somente dois modos de lidar com o pecado. Alguma explicação se faz necessária aqui. Antes de ler a Palavra de Deus, alguém pode pensar que um desses três modos pode resolver o problema: o homem pode resolvê-lo, Deus pode resolvê-lo ou uma terceira parte também pode resolvê-lo por substituição. Os que não são salvos, que não conhecem a Deus, consideram que há apenas uma solução: que é o homem quem deve resolver o problema por si mesmo. Mas a justiça de Deus mostra-nos que há somente dois modos de resolver o problema: Um é pelo próprio Deus e o outro é pelo próprio homem. Que quero dizer com isso? Vamos primeiro considerar o que o homem pensa. Ele pensa que é pecador e deve, portanto, sofrer o julgamento do pecado e da ira de Deus. Ele pensa que deveria perecer e ir para a perdição. A única maneira é ele resolver o problema por si mesmo, indo para o inferno. Ele se responsabilizará pelo que fez. Se alguém peca, vai para o inferno e sofre julgamento do pecado. Essa é uma maneira de resolver o problema. Quando alguém deve dinheiro, ele vende tudo o que tem. Ele pode até mesmo ter de vender sua esposa, filhos, casa e terra, se isso for necessário para resolver o problema. Isso é justo. Então, há outro conceito errado. Para os que ouviram o evangelho, há a consideração de que o Senhor Jesus é a terceira parte vindo tomar nosso lugar e resolver o problema do nosso pecado. O homem pecou e incorreu no julgamento do pecado. Agora, todo o julgamento está sobre o Senhor Jesus; Ele sofre todo o julgamento. Tal ensinamento parece correto. Mas vocês verão resumidamente que ele não é exato.

Primeiramente direi uma palavra para os que têm conceitos obscuros. Na Bíblia, há duas importantes doutrinas, que são: levar os pecados e o resgate pelos pecados. Por favor, não pensem que não creio na substituição. Mas a substituição sobre a qual alguns falam não é a substituição na Bíblia, porque é um tipo de substituição que envolve injustiça. Se o Jesus imaculado deve ser um substituto para nós, homens pecadores, é claro que isso nos é um bom negócio. Mas é justo tratar o Senhor Jesus dessa maneira? Ele não pecou. Por que Ele deveria ser morto? Esse não é o tipo de substituição que a Bíblia fala. Se o Senhor Jesus veio morrer em lugar de todos os pecadores do mundo, então os que crêem em Jesus, assim como os que não crêem Nele, serão igualmente salvos. O Senhor morreu por ambos, quer creiam ou não. Não se pode voltar atrás e revogar a morte do Senhor apenas porque alguns não crêem. Pode-se voltar atrás em outras coisas. Mas isso não é algo reversível. Por que a Bíblia diz que os que não crêem foram julgados e perecerão? (Jo 3:16,18). A razão é que o Filho de Deus teve apenas uma morte substitutiva por nós os que cremos. Ele não é um substituto para os que não crêem.

Qual, então, é a maneira de resolver o problema do pecado de acordo com a Bíblia? Há somente duas maneiras justas para resolver o problema. Uma é tratar com quem pecou e a outra é tratar com aquele contra quem se pecou. Há apenas duas partes que são qualificadas para lidar com esse problema. Há apenas duas pessoas no mundo que têm o direito de tratar com o problema do pecado. Uma é aquela que pecou contra outra. A outra é aquela contra quem se pecou. Quando uma pessoa processa outra num tribunal, nenhuma outra parte tem o direito de dizer coisa alguma. No proceder do tribunal, somente os dois envolvidos têm o direito de falar. A respeito da salvação do pecador, se ele mesmo não cuida disso, então Deus o faz por ele. O pecador é a parte pecaminosa e Deus é a parte contra quem se pecou. Ambos podem lidar com o problema do pecado da maneira mais justa. Do lado do pecador, é justo que ele sofra o julgamento e a punição, pereça e vá para a perdição. Mas há uma outra maneira que é igualmente justa: a parte contra quem se pecou pode assumir a punição. Isso pode ser totalmente inconcebível para nós, mas é um fato. É a parte contra quem se pecou que suporta os pecados. Não é uma terceira parte que leva nossos pecados. Uma terceira pessoa não tem autoridade ou direito de intervir. Se uma terceira pessoa intervier, é injustiça. Somente quando a parte contra quem se pecou está disposta a sofrer a perda, é que o problema pode ser solucionado. Visto que Deus tem amor e também tem justiça, Ele não permitiria que um pecador carregasse os próprios pecados, pois isso significaria que Deus é justo, mas sem amor. A única alternativa é a parte contra quem se pecou carregá-los. Somente por Deus suportar nossos pecados é que a justiça será mantida.

Você sabe o que significa o perdão? No mundo, nós temos perdão. Entre pessoas, há perdão. Entre um governo e seu povo também há perdão. Até entre nações há perdão. Entre Deus e o homem também há perdão. O perdão é algo universalmente reconhecido como um fato. Ninguém pode dizer que o perdão seja algo injusto. É algo que alguém concede alegremente ao outro. Mas a questão é: quem tem o direito de perdoar? Se um irmão me roubou dez dólares, e eu o perdôo, isso significa que eu tenho de suportar a conseqüência do seu pecado. Eu assumi a perda desses dez dólares. Também como outro exemplo, digamos que você me bateu no rosto. A força foi tanta que sangrou. Se eu disser que o perdôo, significa que você comete o pecado de bater e eu sofro a conseqüência do golpe. O pecado foi cometido por você, mas eu sofro a conseqüência dele. Isso é perdão. Perdoar significa que alguém peca e outro sofre a conseqüência desse pecado. Perdão é assumir a responsabilidade da parte pecadora pela parte contra quem se pecou. Uma terceira parte não tem o direito de intervir para perdoar. Ela não pode interferir na retribuição. Se uma terceira parte intervém para perdoar e para retribuir, isso é injustiça. Se o Senhor Jesus interferisse como uma terceira parte para substituir o pecador, poderia ser bom para o pecador e Deus também poderia não ter problemas com isso, mas haveria um problema com o Senhor Jesus. Ele não tem pecado. Por que Ele teve de sofrer o julgamento? Somente o pecador pode suportar a conseqüência do pecado; ele tem o direito de assumir a responsabilidade e sofrer o julgamento pelo seu pecado. E há somente um que pode levar os pecados do pecador — aquele contra quem se pecou. Somente aquele contra quem se pecou pode assumir o pecado do pecador. Isso é justiça. Esse é o princípio do perdão. Tanto a lei de Deus como a lei do homem reconhecem que isso é justo. O homem tem a obrigação de sofrer a perda. Visto que o homem tem livre arbítrio, Deus também tem livre arbítrio. Uma pessoa com livre arbítrio tem o direito de escolher sofrer a perda.

Então, que é a redenção de Cristo? A obra redentora de Cristo é o próprio Deus vindo para levar o pecado do homem cometido contra Si. Esta palavra é mais amável de se ouvir do que todas as músicas do mundo. Que é a obra redentora de Cristo? É Deus suportando o que o homem pecou contra Si. Em outras palavras, se Jesus de Nazaré não fosse Deus, Ele não estaria qualificado a levar nossos pecados de maneira justa. Jesus de Nazaré era Deus. Ele é o próprio Deus contra quem pecamos. Nosso Deus desceu à terra pessoalmente e tomou nossos pecados. Hoje, é Deus quem leva os nossos pecados em lugar do homem. Eis por que foi uma ação justa. Não podemos suportá-los por nós mesmos. Se fôssemos tomá-los, estaríamos acabados. Graças a Deus que Ele mesmo veio ao mundo para suportar os nossos pecados. Essa é a obra do Senhor Jesus na cruz.

Por que, então, Deus teve de tornar-se um homem? Já é suficiente que Deus ame ao mundo. Por que Ele teve de dar Seu Filho unigênito? É preciso perceber que o homem pecou contra Deus. Se Deus exigisse que o homem suportasse seu pecado, como o homem faria isso? O salário do pecado é a morte. Quando o pecado induz e age, ele acaba em morte. A morte é a cobrança justa do pecado (Rm 5:12). Quando o homem peca contra Deus, ele tem de suportar a conseqüência do pecado, que é a morte. Por isso, Deus é a outra parte. Se Ele viesse e assumisse nossa responsabilidade e sofresse a conseqüência do nosso pecado, Ele teria de morrer. Mas em 1 Timóteo 6:16 é-nos dito que Deus é imortal; Ele não pode morrer. Mesmo que Deus quisesse vir ao mundo tomar nossos pecados, morrer e ir para a perdição, para Ele seria impossível fazê-lo. A morte simplesmente não tem efeito em Deus. Não há a possibilidade de Deus morrer. Portanto, para Deus sofrer o julgamento do pecado do homem contra Si, Ele teve de tomar o corpo de um homem. Por isso Hebreus 10:5 diz-nos que quando Cristo veio ao mundo, Ele disse: "Corpo me formaste". Deus preparou um corpo para Cristo, com o propósito de Cristo se oferecer como oferta queimada e oferta pelo pecado. O Senhor diz: "Não te deleitaste com holocaustos e ofertas pelo pecado" (v. 6). Agora Ele oferece Seu próprio corpo para tratar com o pecado do homem. Então, o Senhor Jesus se tornou um homem e veio ao mundo para ser crucificado.

O Senhor Jesus não é uma terceira parte; Ele é a parte primeira. Por ser Deus, Ele é qualificado para ser crucificado. Por ser homem, Ele pode morrer na cruz em nosso lugar. Devemos fazer clara distinção entre essas duas declarações. Ele é qualificado para ser crucificado porque é Deus, e pode ser crucificado porque é homem. Ele é a parte oposta; Ele se colocou ao lado do homem para sofrer punição. Deus se tornou um homem. Ele habitou entre os homens, uniu-se ao homem, tomou o fardo do homem e levou todos os pecados do homem. Se a redenção tem de ser justa, Jesus de Nazaré deve ser Deus. Se Jesus de Nazaré não for Deus, a redenção não é justa. Todas as vezes que olho para a cruz, digo a mim mesmo: "Este é Deus". Se Ele não for Deus, Sua morte se torna injusta e não pode salvar-nos, pois Ele não é senão uma terceira parte. Mas agradecemos e louvamos ao Senhor, pois Ele é a outra parte. Por isso declarei que apenas duas partes são capazes de lidar com os pecados. Uma parte somos nós mesmos, e nesse caso temos de morrer. A outra parte é Deus, contra quem pecamos, e nesse caso Ele morre por nós. Além dessas duas partes, não há uma terceira que tenha direito ou autoridade para lidar com nossos pecados.

Jesus de Nazaré veio ao mundo. Enquanto esteve na terra, Suas obras demonstraram que Deus nos ama. Mas ao mesmo tempo, Ele cumpriu a lei. Ele foi verdadeiramente submisso a Deus. Ele foi um homem santo e submisso. Nele vemos um homem perfeito. Jesus de Nazaré é pleno de justiça. Ele foi um homem justo. Em toda a história, houve apenas um homem que poderia ser salvo pela lei. Esse foi Jesus de Nazaré. Ele não precisava guardar a lei; no entanto, Ele a guardou. A Bíblia diz que somente os que guardam a lei podem herdar a justiça que provém da lei. Com justiça, há vida. A lei diz que quem a guardar, viverá. Guardá-la é manter-se fiel à lei. Todo aquele que tem a justiça da lei tem vida. O único propósito de Deus em dizer isso a todo o mundo é condenar o homem e provar-lhe que é pecador. Deus nos deu a lei para provar a nós que somos pecadores. Graças ao Senhor. Há somente Um aqui que tem vida pela lei: é Jesus de Nazaré.

Por um momento coloquemos de lado o fato de que Ele é Deus e O consideremos como um homem, um homem muito comum. Ele guardou a lei e viveu. Ele viveu na terra por mais de trinta e três anos. Ele não somente não pecou, como nem mesmo conheceu o pecado. Ele foi tentado em todas as coisas, mas não foi tentado pelo pecado. Anote isso: O Senhor Jesus não foi tentado pelo pecado. Muitos quando lêem o livro de Hebreus adquirem um entendimento errado baseado numa tradução errada. O texto grego mostra-nos claramente que, embora o Senhor Jesus tenha sido tentado em todas as coisas, Ele nunca foi tentado pelo pecado. Ele estava em carne e, portanto, tinha fraqueza. Mas Ele não conheceu pecado. Ele nunca foi tentado pelo pecado. Se você consultar uma tradução precisa verá isso claramente.

Shalon  !!!

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